O convite veio depois da visita da homóloga moldava, Maia Sandu, que visitou Lisboa no início do mês, e Marcelo Rebelo de Sousa prometeu visitar o país “até ao final do mês”.

“Cá estou, como prometido, porque os portugueses são assim, de cumprir promessas”, disse hoje de manhã, momentos antes da assinatura de um memorando entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a congénere moldava.

Numa altura em que o país, candidato desde junho do ano passado à adesão à UE, está a preparar-se para iniciar as negociações formais para aderir ao bloco político-económico do qual Portugal faz parte — precisando para isso de luz verde do Conselho Europeu em dezembro -, Maia Sandu incentivou os investidores portugueses a olharem para a Moldova como uma oportunidade inédita e para aproveitarem para agarrar os lugares da dianteira.

O país está a atravessar grandes transformações económico-sociais e democráticas, por vontade de cortar com décadas de influência de Moscovo e por imposição das metas traçadas com Bruxelas.

Marcelo Rebelo de Sousa fez o ‘pitch’ pelos investidores portugueses e recordou que a Moldova está a acabar com a dependência energética, por via de combustíveis fósseis, da Rússia, e que Portugal pode entrar com a sua experiência nas renováveis.

Em simultâneo, ficou também o anúncio da participação de uma delegação da Moldova na edição desde ano da Web Summit. Marcelo `vendeu´ Lisboa como uma cidade “onde nascem unicórnios”, pegando no popular termo utilizado por empreendedores.

Com dezembro a aproximar-se, percebeu-se nas declarações da Presidente que só há um pensamento para os destinos do país: aderir à UE.

Em todas as intervenções que fez ladeada por Marcelo Rebelo de Sousa, Maia Sandu falou da integração, das reformas que o país está a fazer e mostrou-se confiante de que a adesão se vai concretizar.

O Presidente da República deu a mão e lembrou que Portugal passou pela mesma transformação e que só a distância física separa dois países hoje com caminhos semelhantes — e com uma vasta experiência na vinicultura de ambos os lados.

O chefe de Estado português levou promessas, de um apoio inequívoco de Portugal na integração europeia da Moldova (mas será António Costa a dar luz verde pelo Estado português na cimeira de dezembro), e o desejo de ver o país na UE até 2023.

“Há um caminho a percorrer. Será mais longo ou mais curto? Nós queremos que seja mais curto. No dia 12 de dezembro faço 75 anos. Até 2030, são mais sete… Espero estar vivo e antes de fazer 82 ou 83 anos poder ver a Moldova na UE. Isto é uma forte convicção que tenho: a Moldova vai demonstrar que pode aderir até 2030”, disse, depois do primeiro encontro com a homóloga.

Feito o calendário, já na parte final da visita oficial de dois dias, o Presidente da República voltou atenções para os jovens, que transformarão as primeiras décadas da futura integração no bloco comunitário.

Estudantes das licenciaturas de Direito e Relações Internacionais da Universidade Estatal da Moldova encheram o anfiteatro para uma “aula” do professor catedrático.

O assunto foi o tema grande dos dias de hoje: a transformação do panorama geopolítico internacional, que preocupa particularmente a Moldova, com a invasão da Rússia na vizinha Ucrânia e uma região com separatistas russos a ganhar fôlego e a preocupar as autoridades moldavas.

Marcelo converteu a palestra numa aula de história, para explicar como é que superpotências nascem, morrem e, em alguns casos, tentam ressurgir.

No final, um dos alunos perguntou-lhe pelo agravamento das tensões no Médio Oriente.

O Presidente da República voltou a referir o contexto por detrás do conflito israelo-palestiniano e disse que a posição de Portugal é condizente com a das Nações Unidas.

Depois veio um apelo ao equilíbrio, para evitar posições extremadas e a polarização, que apontou como inimigos de quaisquer soluções e “do diálogo”.

E recorreu ao exemplo de um antigo aluno, com quem lidou com mais frequência na última década, para explicar que os opostos podem criar convergência e que a democracia não se faz apenas de semelhantes.

“Eu sou um Presidente de direita e há um Governo de esquerda, mas eu sou o mais esquerda da direita e o primeiro-ministro [António Costa] é o mais à direita da esquerda”, referiu.

Da mesma forma que depositou uma coroa de flores na homenagem a Estêvão III “O Grande”, que resistiu ao império otomano entre os séculos XV e XVI, Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos jovens moldavos que sejam os investidores do futuro democrático e europeísta do país.