Junto ao parlamento, os manifestantes, sobretudo jovens, gritam palavras de ordem como “Não à China!” e “Precisamos de democracia!”. Uma esmagadora maioria enverga máscaras ou lenços a cobrir quase a totalidade da cara.
Alguns dos manifestantes que falaram com a Lusa, muitos deles estudantes, disseram estar dispostos a permanecer no local até que o Governo recue na intenção de avançar com as alterações à lei da extradição, que permitiriam a extradição de suspeitos para países que não têm acordo com Hong Kong, como é o caso da China continental.
A polícia já bloqueou algumas vias no centro da cidade e posicionou-se para uma eventual intervenção no local onde os manifestantes repetem hoje o protesto de domingo, considerado o maior em Hong Kong em pelo menos mais de uma década.
Centenas de milhares de pessoas protestaram no domingo contra esta legislação, com os organizadores a falaram de mais de um milhão de pessoas na rua e as forças policiais a admitirem apenas a participação de 240 mil.
Algumas empresas anunciaram planos para fecharem as portas de forma a permitir que os funcionários se juntem à manifestação prevista para hoje, dia em que o Conselho Legislativo prossegue o debate sobre as emendas.
Proposto em fevereiro e com uma votação final prevista para antes do final de julho, o texto permitiria que a Chefe do Executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de jurisdições sem acordos prévios.
Em teoria, os tribunais locais analisariam os casos individualmente e poderiam usar o poder de veto para impedir certas extradições no território semi-autónomo da China e antiga colónia britânica.
Os defensores da lei argumentam que caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.
Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio ‘um país, dois sistemas’, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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