"É com grande dor que escrevo estas palavras", começou por escrever no Instagram, esta segunda-feira, Anna Westerlund, mulher de Pedro Lima.

"O Pedro sempre foi um homem de família e nunca foi de baixar a guarda perante as adversidades da vida. Tudo o que estava ao seu alcance sempre cumpriu com um rigor único", pode ler-se.

Anna Westerlund escreve ainda que a família não passava por "nenhuma dificuldade financeira" nem vivia "nenhuma crise familiar". "Estávamos unidos, como sempre, a vivermos este momento de grande instabilidade mundial que se repercutiu e repercute em todos nós de forma mais ou menos violenta".

A terminar a publicação, a ceramista pede respeito pela família "neste momento de dor"

Pedro Lima, encontrado morto no passado sábado, 20 de junho, aos 49 anos, na Praia do Abano, em Cascais, era um ator de teatro vindo da televisão, que este meio tornou popular, através de telenovelas como "Amar Demais", em exibição na TVI.

Segundo Autoridade Marítima, pessoas próximas do ator manifestaram de manhã, cerca das 08:20, à PSP a sua preocupação pela ausência de Pedro Lima, por causa de uma carta deixada por este, tendo esta força de segurança alertado a Polícia Marítima e o capitão do Porto de Cascais acionado os meios de busca.

O corpo foi encontrado às 10:20 por elementos de uma lancha salva-vidas.

A carreira como ator remonta a 1997, quando já era modelo, atleta de alta competição e apresentador do Magacine da RTP2, depois de ter passado pelo curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico.

Trabalhou em companhias independentes como os Artistas Unidos, a Companhia de Teatro de Almada e o Teatro Aberto, mas também em produções de Filipe La Féria e do Teatro Villaret, e naquelas que levou a cena, através da Prati, numa parceria que estabeleceu com Raul Solnado, nos primeiros anos 2000.

Deu vida a personagens de dramaturgos como Samuel Beckett, David Mamet, Tom Stoppard, August Strindberg e Anton Tchekhov, entrou no cinema de Carlos Saboga, Nicolau Breyner e Joaquim Leitão, mas foi através de telenovelas e séries filmadas que o grande público fixou o seu rosto.

No teatro ou na televisão, porém, a sua preocupação residia sempre na vontade de "tocar o coração das pessoas", de as provocar, levar a pensar, recuperar memórias, como disse em diferentes entrevistas de perfil, da RTP, onde iniciou a carreira como apresentador, às revistas 'cor de rosa', que o trabalho em novelas lhe impôs.

A TVI lamentou a “partida inesperada e brutal” do ator, considerando que este é um “dia chocante que abre uma tormenta de emoções e deixa um pesar enorme entre todos”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou as condolências à família de Pedro Lima, “o ator de quem todos gostávamos”, que deixou “sempre uma imagem de ator disponível e de colega generoso”.