Por uma questão de "prudência" e "segurança", Marcelo Rebelo de Sousa fez hoje um apelo aos portugueses: não se "confunda estudar e planear com desconfinar". Por outras palavras, a mensagem é que se perceba que o confinamento é para manter até à Páscoa porque este é "um tempo arriscado para mensagens confusas ou contraditórias".
Esta mensagem surgiu durante uma comunicação ao país pela hora do jantar, após o parlamento ter aprovado o 12.º estado de emergência desde o início da pandemia. Para que não se perca: o período de estado de emergência atualmente em vigor termina às 23:59 da próxima segunda-feira, 1 de março. A renovação hoje aprovada terá efeitos no período entre 2 e 16 de março.
O Chefe de Estado alongou mais o seu comentário sobre o facto de o confinamento se manter até à Páscoa e explicou que não faz sentido abrir antes do período para depois voltar a fechar. Seria errado e contraditório. "Quem é que levaria a sério o rigor pascal?", disse.
O último boletim epidemiológico revela que estão internados 2.767 doentes nos hospitais portugueses (o número mais baixo desde 6 de janeiro) dos quais 567 em cuidados intensivos (é preciso recuar até 11 de janeiro para encontrar este indicador). Ora, independentemente deste aspeto positivo e da queda destas nuances, Marcelo lembrou que "o número de internados ainda é quase o dobro do indicado por intensivistas e o número de cuidados intensivos é mais do dobro do aconselhado para evitar riscos de novo sufoco".
É que o Presidente da República tem noção de que estes números levam a pensar no confinamento. Aliás, percebe até que é "sedutor" perante o "cansaço destas exigentes semanas". Só que alertou e lembrou que "nunca se pode dizer que não há recaída ou recuo". Na opinião de Marcelo não se pode comprometer o futuro tomando uma decisão precipitada. (Algo que é corroborado por vários matemáticos que foram ouvidos no Parlamento sobre as análises à evolução da pandemia e que disseram, por exemplo, que abrir as escolas com um Rt de 0,98 "é mais do que imprudência" e desconfinar com valor superior a 1.1 "não evitará uma nova vaga".)
"Os números que nos colocaram no lugar de piores da Europa e do Mundo, não são de há um ano ou de há meses, são de há um mês. Tal como de há três semanas são as filas de ambulâncias nos hospitais. Pior do que vivem agora a economia, a saúde mental e as escolas, só mesmo se tivermos de regressar ao que acabamos de viver daqui a semanas ou meses", explicou.
Em suma, Marcelo deixou recados e frisou que há uma missão que está em curso: "ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano". Por isso, o melhor mesmo é não confundir planeamento com desconfinamento.
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