A visita do emissário do Presidente norte-americano, Joe Biden, à capital do Líbano ocorre na véspera de uma reunião prevista para Doha, na qual os Estados Unidos da América (EUA), o Qatar e o Egito pretendem forçar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, o que poderia também travar a frente libanesa.

O grupo islamita palestiniano já afirmou que não vai participar nas negociações de cessar-fogo, exigindo um “compromisso claro” do Governo de Israel, que terá acrescentado novas exigências para um acordo de tréguas.

Em declarações em Beirute, Amos Hochstein disse ter discutido com o presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, também líder da formação xiita Amal e um dos principais aliados do Hezbollah, “o acordo-quadro que está em cima da mesa para um cessar-fogo em Gaza”.

“Concordámos que não há mais tempo a perder (…). Temos de aproveitar esta janela para agir e encontrar soluções diplomáticas”, disse o representante norte-americano.

“O acordo deve também permitir uma resolução diplomática no Líbano, o que evitaria a eclosão de uma guerra em grande escala”, acrescentou.

Os receios de um conflito aberto no Líbano voltaram a aumentar há duas semanas, depois de um ataque israelita ter matado o comandante máximo do Hezbollah, Fuad Shukr, no sul de Beirute.

Israel e o Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado transfronteiriço desde 08 de outubro de 2023, um dia depois do início da guerra em Gaza, nos piores confrontos entre as duas partes desde 2006.

O Hezbollah integra o chamado “Eixo da Resistência”, uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes Huthis do Iémen.

O Irão também prometeu retaliar o assassinato, em Teerão, do líder político do Hamas Ismail Haniyeh, atribuído a Israel.

No final de maio, o Presidente Joe Biden apresentou um plano de três fases que visava alcançar “um cessar-fogo duradouro e a libertação de todos os reféns” mantidos em cativeiro em Gaza desde 7 de outubro de 2023.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.