Num comunicado, a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) indicou que, no âmbito destas consultas, os aliados afirmaram que o recurso a estes mísseis “não dissuadirá o apoio a Kiev” e que se trata de uma nova tentativa do Kremlin (presidência russa) para “aterrorizar a população civil” ucraniana.

“A utilização desta capacidade não alterará o curso do conflito nem dissuadirá os aliados da NATO de apoiar a Ucrânia”, declarou a porta-voz da NATO, Farah Dakhlallah, num sinal de apoio continuado dos membros da Aliança Atlântica à Ucrânia, a braços com a invasão russa.

Durante o encontro em Bruxelas, os embaixadores dos países aliados receberam informação por videoconferência de altas patentes do Exército ucraniano sobre os acontecimentos da última semana, quando a Rússia disparou um míssil balístico de médio alcance contra a cidade de Dnipro, a quarta maior cidade da Ucrânia, com cerca de um milhão de habitantes (antes da guerra), e um dos principais centros industriais do país.

Na passada quinta-feira, as forças russas lançaram uma nova bateria de mísseis sobre diversas zonas do território ucraniano, incluindo um novo míssil balístico com o qual pretendiam atingir infraestruturas essenciais.

Esse facto motivou o pedido de consultas de Kiev aos membros da NATO, usando o fórum criado em 2023, que lhe permite uma relação bilateral com o bloco militar ocidental para obter conselhos políticos e abordar temas urgentes de segurança.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Quase a completar três anos de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.