O caso teve início quando o website religioso Patheos publicou na passada quinta-feira, 29 de novembro, relatos de duas mulheres que acusaram o astrofísico de se comportar de forma sexualmente inapropriada com elas.
DeGrasse Tyson, 60 anos, que construiu uma carreira de sucesso na televisão com os seus livros nos quais explica fenómenos científicos, foi o anfitrião do popular programa de divulgação científica, "Cosmos", que já passou no canal Fox e que tem mais uma temporada programada para o canal da National Geographic.
Dadas as acusações, ambos os canais já informaram que estão a investigar o seu comportamento, tal como o Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque, onde Tyson dirige o Hayden Planetarium.
Até sábado, Tyson, havia permanecido em silêncio sobre as acusações, mas o cientista aproveitou a fim de semana para escrever uma longa nota no Facebook.
"Por várias razões", escreveu ele, "a maioria com razão, alguns injustificadamente, os homens acusados de assédio sexual no clima do 'MeToo' de hoje em dia são logo considerados culpados pelo julgamento da opinião pública". O cientista ressalvou que "em qualquer alegação, as provas importam sempre", alertando para os casos em que "quando é só a palavra de uma pessoa contra a outra" e estas são contraditórias, as pessoas "tendem a julgar quem é que é a pessoa mais credível". Por esta razão, Tyson comprometeu-se a colaborar com uma "investigação imparcial" quanto às alegações
O cientista, que se descreveu como um "marido carinhoso", acrescentou que essas "acusações podem prejudicar a reputação e o casamento de um homem". "Às vezes de forma irreversível", acrescentou, sendo por isso que "claramente não posso continuar a estar em silêncio".
Num dos casos, relativo a 2009, Tyson conta que Katelyn Allers, uma professora universitária de Física e Astronomia da Universidade de Bucknell se aproximou dele numa conferência para pedir uma foto. Allers acusa Tyson de seguir uma tatuagem do sistema solar que subia pelo braço até ao interior do seu vestido, dizendo também ao blog Patheos que o cientista "não era alguém com grande respeito pela autonomia do corpo feminino".
Em resposta, Tyson admite que provavelmente "procurou por Plutão junto ao seu ombro", mas escreve que ficou surpreso ao ouvir depois que ela considerou esse gesto "algo assustador". "Essa jamais foi a minha intenção e lamento profundamente tê-la feito sentir-se dessa maneira", afirmou.
Outra acusação data deste ano. Depois de passar várias horas a trabalhar num projeto, Tyson terá convidado a sua ex-assistente, Ashley Watson, para irem para sua casa beber vinho acompanhado de queijo. O astrofísico escreve que "ela veio ao meu escritório para me dizer que a noite de queijos e vinho a deixara assustada", tendo visto o convite como uma tentativa de seduzi-la.
Tyson também admitiu que trocou com Watson um aperto de mão diferente, que a ela lhe pareceu demasiado íntimo. Contudo, Tyson defende-se, dizendo ter aprendido a saudação com um nativo-americano idoso numa reserva junto ao Grand Canyon e que o "guarda em apreciação a pessoas com quem desenvolvi novas amizades".
O cientista avança também que numa última reunião que ambos tiveram, pediu "desculpas profusamente" e que Watson "as aceitou", tendo também disto que "se tivesse sabido que ela tinha ficado desconfortável, que tinham pedido desculpa na hora". Apesar das justificações, Watson pediu a demissão.
Ambos os casos destapam um episódio bem mais antigo e incómodo para Tyson. Referente a 1984, Tchiya Amet alegou em 2014 que Tyson a drogou e violou quando ambos eram estudantes de pós-graduação na Universidade do Texas. Amet, cujo nome original era Staci Hambric, disse que desmaiou depois de tomar uma bebida que Tyson lhe ofereceu e em seguida acordou nua na sua cama. Como resultado, a mulher diz ter "desistido do curso, sofrido de Stress Pós-Traumático e procurado terapia várias vezes".
O astrofísico defendeu-se neste post ao manifestar a sua surpresa por ler, mais de 30 anos depois, que estava a ser acusado de "drogar e violar uma mulher" com quem admitiu ter "uma breve relação" que "só foi íntima em poucas ocasiões, todas no seu apartamento, mas a química não estava lá". Tyson considera ainda que este episódio só foi utilizado para servir como "isco de solicitações por, pelo menos, um jornalista para trazer da obscuridade quaisquer pessoas que tenham tido encontros comigo que as tenham deixam desconfortáveis".
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