Para Christos Stylianides, "a escolha é clara: preparar para as alterações climáticas hoje ou pagar um preço devastador".
O comissário europeu falava em Lisboa na abertura da 4.ª Conferência Europeia de Adaptação às Alterações Climáticas (ECCA 2019), na qual destacou a importância da parceria entre os setores público e privado como o "próximo passo em frente" porque o setor público não consegue sozinho "enfrentar a enormidade deste desafio".
Christos Stylianides lembrou os fenómenos extremos que decorrem das alterações climáticas como ondas de calor, secas prolongadas, fogos florestais, que têm posto à prova os mecanismos de proteção civil europeus, exemplo da maneira como os países podem colaborar para "não deixar ninguém sozinho em altura de desastres".
"Estamos sempre ao lado de Portugal em quaisquer desastres naturais", garantiu, lembrando os fogos de 2017, que até levaram a União Europeia a rever a sua estrutura e avançar para o RescEU, um programa de melhoramento do mecanismo europeu de proteção civil.
O comissário defendeu que é preciso aumentar a resposta coletiva da Europa a desastres e que o RescEU já está a ser aplicado em seis países, encontrando-se em "fase de transição" e contando para já com seis helicópteros e sete aviões.
A cientista alemã Daniela Jacob, que foi relatora do último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas, alertou que se prevê que os próximos quatro verões sejam mais quentes que os quatro anteriores, começando já este ano com "uma onda calor maior".
O ministro do Ambiente e Transição Energética português, João Pedro Matos Fernandes, defendeu que é preciso respeitar o limite de 1,5.º centígrados de aumento da temperatura global, um objetivo que continua a não estar garantido.
Enquanto isso, o mundo continua a perder biodiversidade e continuam a ser arruinados ecossistemas de que dependem setores económicos e o bem-estar dos seres humanos.
Tarefas de prevenção, como a proteção do litoral, "já começaram e nunca vão ter fim", exigindo-se "adaptar os usos sociais ao que o território pode dar e nunca o inverso, como às vezes os partidos da direita parecem dar a entender", assinalou.
João Pedro Matos Fernandes acrescentou que é preciso garantir que "25 por cento das verbas do próximo ciclo de financiamento comunitário" vão para a ação climática, quer na mitigação pela redução de emissões de gases com efeito de estufa, quer na adaptação.
Algo que "tem que mudar" é o período de 10 anos que uma obra que receba financiamento europeu tem que esperar antes de poder ser novamente financiada, defendeu.
Quando se trata de proteção do litoral ou obras hidrográficas, uma década é tempo demais sem haver novas intervenções, indicou.
Comentários