Numa intervenção transmitida pela televisão, Netanyahu reagiu à decisão do procurador-geral israelita, Avichai Mandelblit, que hoje anunciou que tinha decidido acusar o chefe do governo israelita por corrupção, fraude e abuso de confiança.

Netanyahu classificou o momento escolhido pelo procurador-geral para anunciar tal decisão, a cerca de seis semanas das eleições legislativas antecipadas israelitas, como “ultrajante”, acusando os opositores de esquerda de estarem a conduzir uma “caça às bruxas sem precedentes”.

“A pressão da esquerda funcionou", declarou o primeiro-ministro conservador, afirmando que as recomendações do procurador-geral ameaçam a democracia do país.

Benjamin Netanyahu disse ainda que as acusações contra ele são mentiras e um “libelo (ou calúnia) de sangue”, assegurando que tenciona desmascarar todas as denúncias.

O político declarou também que pretende “continuar a servir como primeiro-ministro por muitos, muitos anos”, acrescentando que “todas as acusações vão cair”.

“Estou 400% seguro disso”, reforçou.

Num comunicado do Ministério da Justiça, Avichai Mandelblit indicou hoje ter aceitado as recomendações da polícia para acusar Netanyahu em três diferentes casos, que aguardam uma audiência final.

O procurador refere ter a intenção de acusar Netanyahu por ter recebido subornos para promover alterações ao nível da regulação que valiam centenas de milhões de dólares para a empresa de telecomunicações Bezeq, em troca de uma cobertura favorável no portal de informação Walla, propriedade daquela empresa.

Mandelblit também acusará o chefe do governo israelita de fraude e abuso de confiança em dois outros casos.

Embora esperada há semanas, a decisão de Mandelblit, 40 dias antes das legislativas antecipadas de 09 de abril, pode alterar a situação eleitoral e ameaça o longo “reino” de Netanyahu, 69 anos, que disputa um quinto mandato após perto de 13 anos no poder.

Netanyahu nega qualquer irregularidade e o seu partido, o Likud (direita), já denunciou uma “perseguição política”.

De acordo com a lei israelita, mesmo acusado o primeiro-ministro não é obrigado a demitir-se.

Benjamin Netanyahu, ou “Bibi” como é também conhecido, é, de acordo com as sondagens, o mais bem colocado para formar uma coligação governamental após as legislativas antecipadas, mas analistas consideram que a pressão política devido aos processos judiciais poderá ser muito forte e obrigar qualquer nova coligação a refletir sobre se o mantém ou não como líder.