Os resultados do índice divulgado hoje pelo Projeto de Dados sobre a Localização e os Eventos de Conflitos Armados (ACLED, na sigla em inglês) têm por base a monitorização de 240 nações e territórios, “quase em tempo real”, nos últimos 12 meses.

A organização não-governamental, especializada na recolha e tratamento de dados sobre conflitos e crises, concluiu que os níveis mais elevados registam-se em 50 países, e independentemente do nível de riqueza ou de liberdade.

Estes países “são responsáveis por 97% de todos os eventos de violência política registados nos últimos 12 meses”, declarou a presidente e CEO do ACLED, Clionadh Raleigh.

O índice dos níveis de violência política foi desenvolvido distinguindo quatro indicadores – a mortalidade, o perigo para os civis, a difusão geográfica e a fragmentação dos grupos armados — e tem evidências do aumento de certas formas de conflito.

O México, a República Democrática do Congo, o Brasil e o Iraque registam níveis de violência que excedem em muito os associados às guerras tradicionais”, explicou a presidente, o que mostra que “as formas de conflito atualmente mais comuns em todo o mundo assemelham-se mais aos padrões de violência no México e em Myanmar e menos às insurreições tradicionais em que um grupo luta com um governo pelo controlo ou pelo território”.

No indicador de mortalidade destacam-se países da Lusofonia e África como o Brasil, Mali, Níger, Nigéria, Sudão, Sudão do Sul, Burkina Faso, Camarões, Etiópia, Quénia e Somália.

Relativamente ao perigo para os civis, surge novamente o Brasil, além do Mali, Níger, Nigéria, Burkina Faso, Camarões, República Democrática do Congo (RDCongo), Sudão, Etiópia, Quénia e Somália.

No que diz respeito à difusão geográfica, que mede a percentagem do país que ficou com condições que o ACLED considera torná-lo inabitável devido ao conflito, surgem países como Burkina Faso, Nigéria, Somália e Essuatíni.

Tendo em conta a fragmentação, isto é todos os grupos rebeldes e milícias políticas presentes numa nação nos últimos 12 meses, citam-se Mali, Nigéria, Camarões, RDCongo, Sudão e Quénia.

“A violência em países com níveis de conflito “extremos” e “elevados” também envolve, normalmente, muitos grupos armados e organizações ativas. Estes grupos lutam entre si com a mesma frequência com que entram em conflito com as forças de segurança do governo”, fundamentou a presidente do ACLED.

O estudo apresentou ainda uma lista de países com conflitos ativos e como estão, atualmente, os mesmos classificando-os como “pioraram”, “estabilizaram” ou “melhoraram”.

A violência piorou no Essuatíni, Burkina Faso, Benim, Níger, Gana, Chade, Quénia, RDCongo, Mali, Sudão, Camarões, Etiópia, Níger e Brasil.

Em Moçambique, África do Sul e Uganda os atentados estabilizaram, enquanto a violência melhorou na Somália, República Centro-Africana, Sudão do Sul e Burundi, segundo este índice.

“Os países de rendimento médio estão a registar o maior aumento de conflitos. A pobreza não é um precursor do conflito e a riqueza não é uma garantia de paz”, da mesma forma que "a democracia não protege os países da violência”, alertou Clionadh Raleigh.