
O pedido é muito simples: fechem as torneiras durante 60 minutos neste Dia Mundial da Água. O Movimento H2OFF volta a frisar a necessidade de "garantia de água potável e saneamento para todos", a "proteção do ambiente e procura da sustentabilidade nas cidades" e o "combate às alterações climáticas", salientando que este gesto "alerta para o desperdício desnecessário de um recurso essencial à vida de todos".
Assinalado anualmente, o Movimento H2OFF está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e ao longo dos últimos anos, várias personalidades nacionais, escolas, instituições e entidades gestoras do setor da água e saneamento têm promovido esta iniciativa, ao reforçar o apelo para a adesão ao H2OFF com o fecho da torneira durante 60 minutos. Um alerta para evitar gastos desnecessários para com um recurso que é essencial a todos.
A APDA relembra ainda que uma torneira aberta pode gastar, em média, 12 litros de água, em apenas um minuto. Contas feitas, se cada pessoa desperdiçar um minuto de água por dia em Portugal, são 120 milhões de litros de água, o suficiente para satisfazer as necessidades básicas diárias de um milhão de pessoas.
Apesar deste dia, em 2025, se celebrar a um sábado, por norma o pedido de 'ajuda' é especialmente direcionado aos mais novos, a quem identificam como tendo "um papel crucial na mudança dos comportamentos".
"Porquê a necessidade de mobilizar a comunidade e, em particular, as escolas, no sentido de racionalizar o consumo de água? Porque este é um tema emergente e prioritário no âmbito da educação ambiental e porque sabemos que os agentes educativos e, em especial, as crianças e jovens, desempenham um papel crucial na mudança de comportamentos. Convidamos, por isso, todos os meios escolares - agrupamentos de escolas, centros de ocupação de tempos livres, universidades seniores e outras entidades com responsabilidade na área da educação - a serem parceiros deste movimento e promotores do evento. Todos os contributos serão bem-vindos. Desafiamos as escolas e demais entidades a serem “agentes de promoção” deste gesto tão simples e simbólico. Podem dar um valioso contributo, desde logo, pela partilha da mensagem e de conteúdos. O importante é fazer chegar o H2Oaos vossos estabelecimentos e às casas dos vossos alunos, encarregados de educação, professores e outros profissionais", salientaram.

Milhares de lares sem ligações
Em Portugal, diz também um recente estudo da APDA, ainda são cerca de 874 mil casas que não têm ligação à rede de água potável.
As situações mais críticas acontecem no Alentejo e Algarve, onde o défice de cobertura é de 9,4% e 9,5%, respetivamente e sobretudo na sub-região do Tâmega e Sousa, com apenas metade das habitações ligadas à rede de água potável.
Se compararmos com outro estudo idêntico de 2023, a realidade é muito semelhante, dado que os números desse ano apontam para que 861 mil casas continuavam sem água potável. Ou seja, de um ano para o outro apenas 13 mil casas viram as ligações serem realizadas.
De referir, contudo, que mais de 600 mil proprietários escolhem não ter água potável, ao passo que existem 272 mil casas que não têm mesmo acesso, isto num universo de 5,7 milhões de casas em Portugal Continental.
Saneamento básico ainda longe de ser uma realidade para todos e água mais cara
O mesmo estudo aponta também para que cerca de 1,3 milhões de habitações não estarem ligadas à rede, mais uma vez com o Alentejo a evidenciar uma das maiores falhas de cobertura, com 19,9% das casas sem acesso ao saneamento, seguindo-se depois a zona Centro (19,1%) e o Norte do país (18,7%).
Tal como no acesso à água potável, mais uma vez a sub-região de Tâmega e Sousa é a mais afetada, com apenas 45% das casas ligadas, enquanto no Alto Minho e no Médio Tejo as taxas de ligação situam-se em 51% e 56%, respetivamente. A região de Lisboa é aquela que apresenta a maior adesão ao saneamento, com 92,2% das habitações ligadas.
Nos últimos anos, o preço da água também aumento, com destaque para a subida entre 2022 e 2023, de 3,29%. De acordo com a APDA, as entidades gestoras privadas foram as que mais aumentaram o preço, na ordem dos 7%, ao passo que as câmaras municipais subiram apenas 0,7%.
Em Portugal há 238 entidades gestoras de abastecimento de água (câmaras municipais, serviços municipalizados, Gestão Delegada Municipal, Gestão Estatal e Concessão), sendo que este número tem vindo a reduzir nos últimos anos. As câmaras municipais representam 67% das entidades gestoras e as concessões 11%.

Boas notícias para o Algarve
As barragens do Algarve estão em média a 79% da sua capacidade total de armazenamento, depois das últimas chuvas, o que significa "quase três anos de consumo" da região, segundo o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente".
“Esta situação permite-nos trabalhar com alguma tranquilidade na execução dos projetos em curso para dar maior resiliência à região”, disse Pimenta Machado à agência Lusa.
Estes números ainda não tomam em conta a passagem esta semana da depressão Martinho, que provocou “mais vento do que chuva”.
O responsável da APA sublinhou a necessidade de nos próximos anos a região se manter focada em executar os projetos já em curso, como combater as perdas de água na atual rede de distribuição ou acelerar o processo de passar a usar a água das ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais) para regar os campos de golfe e os jardins.
“Isto é uma questão fundamental. Não faz sentido usar a água que nós temos para regar golfe, nem jardins”, insistiu Pimenta Machado.
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