"USNS Comfort", equipado com 12 salas de cirurgia e uma equipa de 1.200 médicos e enfermeiros, chegou ao porto de Nova Iorque para ajudar a aliviar os hospitais da cidade, saturados pelo fluxo constante de pacientes com coronavírus, confirmou a AFP.

A sua chegada ocorre no momento em que Virgínia, Maryland e a capital, Washington, decidiram restringir a circulação de cidadãos, o que significa que quase três quartos dos americanos agora vivem ou estão prestes a viver com restrições de níveis diferentes.

O Presidente dos Estados Unidos alertou no domingo que a taxa de mortalidade nos Estados Unidos aumentará nas próximas duas semanas e classificou como "terríveis" as estimativas do principal cientista da pandemia, Anthony Fauci, que afirmou que  "milhões" de americanos serão infetados pelo vírus e até 200.000 irão morrer.  De acordo com o Presidente Donald Trump, quanto mais os americanos cumprirem as recomendações de emergência e ficarem em casa, "mais rápido esse pesadelo terminará".

A cidade de Nova Iorque, com mais de 33.000 casos de coronavírus e 790 mortes, está a correr contra o relógio para aumentar o número de camas hospitalares, equipamentos e pessoal médico, antes de atingir o pico da doença, que se estima ser para os tempos da páscoa.

"Este vírus está à nossa frente desde o primeiro dia", disse o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, ao canal televisão MSNBC nesta segunda-feira. Cuomo estimou que em duas a quatro semanas a cidade atingirá seu número máximo de casos. "Preparem-se para o pico. Tenham os materiais para o pico. É quando o sistema entrará em colapso", alertou Cuomo.

O navio receberá pacientes que necessitam de cuidados intensivos não relacionados com o vírus,  para permitir que os hospitais se concentrem nos pacientes com Covid-19. O mayor da cidade, Bill de Blasio, disse que a chegada do navio "para ajudar Nova Iorque no momento em que nossa cidade precisa, é muito importante". "É muito emocionante para todos nós, precisamos de ajuda", acrescentou.

A cidade também inaugura nesta segunda-feira um hospital de emergência temporário no centro de conferências Jacob Javits, com capacidade para 2.900 camas, e outro na terça-feira no Central Park. Quatro outros locais da cidade foram aprovados para descongestionar hospitais e prestar atendimento temporariamente.

Os Estados Unidos são o país com mais casos de coronavirus confirmados, acima de 160.000, com mais de 2.950 mortes, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins. Dessas mortes, mais de 1.200 ocorreram no estado de Nova Iorque. Louisiana, Illinois e Flórida seguem-se como os estados mais afetados.

 "Dia D em Nova Iorque"

Voos organizados pela agência federal de gerência de emergências, FEMA, começaram a chegar ao Aeroporto Internacional JFK de Nova Iorque com milhões de máscaras, roupas de proteção e termómetros. A Casa Branca disse que estão planeados para o total desta operação, apelidada de "Projeto Ponte Aérea", cerca de 50 voos.

O mayor da cidade, Bill de Blasio, disse que Nova Iorque precisa de mais de 400 ventiladores antes do fim da semana e descreveu o próximo domingo com o "Dia D". "Estamos a tentar reutilizar o que podemos, porque nunca se sabe quando vai acabar", disse o médico Peter Liang, de 38 anos, à AFP, referindo-se ao stock no hospital de Manhattan, onde trabalha.

O Presidente dos Estados Unidos disse à Fox News nesta segunda-feira que espera que os casos atinjam o pico até a Páscoa e que depois disso começarão a cair. Segundo Fauci, não houve nenhum problema em convencer Trump a estender as recomendações para além de 12 de abril. "Ele analisou os dados e entendeu imediatamente. Era uma imagem bastante clara", contou à CNN nesta segunda-feira.

Inicialmente, Trump minimizou a pandemia e depois oscilou entre um tom sombrio na evolução da situação e uma vontade de reavivar a economia rapidamente, enquanto o número de pessoas desempregadas não para de aumentar. Neste mês, um recorde de 3,3 milhões de americanos pediram subsídio de desemprego, o número mais alta já registado.