Em declarações à Lusa, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho, explicou que as novas orientações da OMS vêm facilitar o acesso ao tratamento da hepatite B, aumentando o numero de pessoas a incluir no tratamento da hepatite B e abrangendo adolescentes.
Tato Marinho lembrou que este alargamento aos adolescentes não afeta tanto Portugal, que há mais de 20 anos vacina todas as crianças, mas lembrou que há países em que jovens com 20 ou 30 anos já aparecem com cancro de fígado.
“O tratamento não cura, ao contrário da hepatite C, mas controla e evita a cirrose, evita o cancro e salva vidas. É uma doença muito silenciosa”, alertou.
Tato Marinho sublinhou a importância da escolha de Lisboa para este encontro, que reúne ministérios e profissionais de saúde, organizações da sociedade civil, decisores políticos, académicos e pessoas que vivem ou viveram com hepatites de mais de 100 países.
O objetivo do World Hepatitis Summit 2024 é discutir e concretizar a meta da OMS de eliminar as hepatites até 2030.
“A OMS está a dedicar um esforço muito grande a lidar com as hepatites. Há muitos anos não era uma prioridade e neste momento é. São 250 milhões de pessoas em todo o mundo”, disse Rui Tato Marinho.
As orientações da OMS, acrescentou, servem para ajudar a fazer o diagnóstico da hepatite B, pois há agora uma nova linha de testes rápidos, ainda bastante dispendiosos, mas que evitam que as pessoas vão ao hospital ou aos laboratórios.
O responsável lembrou que, apesar de não serem suficientes, alguns são já oferecidos pela Direção-Geral da Saúde.
Disse ainda que estas novas orientações ajudam “a identificar os modos de fazer o diagnóstico, ou seja, de saber o que é que se passa com o fígado daquela pessoa, através de análises, sem ser necessário biópsia”.
Estas análises já se fazem em Portugal “há muitos anos” e permitem, em dois minutos, saber se a pessoa tem cirrose.
O especialista sublinhou ainda que esta conferência e as novas orientações da OMS vêm “chamar ao primeiro palco das doenças a hepatite B”.
“Sabemos que em todo mundo existem 250 milhões de pessoas infetadas e há países do mundo em que 10% da população tem hepatite B”, disse.
Considerou ainda que a conferência internacional, que decorre até quinta-feira, será uma oportunidade para mostrar que Portugal “pode ser uma referência a nível mundial em boas práticas na comunidade”, um exemplo no que diz respeito a modelos de rastreio e ligação a cuidados de populações “muito difíceis de alcançar” que é possível fazer com apoio das organizações não-governamentais que estão no terreno e conhecem as populações.
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