A reação da consultora surge na sequência de notícias a dar conta de que a Deloitte Espanha foi o assessor financeiro do Novo Banco na venda da GNB Vida, e que levaram o Bloco de Esquerda a pedir a nulidade da auditoria.

No esclarecimento divulgado, a Deloitte afirma que “cumpre a lei” e que se obriga “às mais rigorosas regras legais, profissionais e deontológicas, bem como à verificação de independência e de conflito de interesses das entidades da rede Deloitte e dos seus profissionais para a execução deste tipo de trabalhos”.

Neste contexto, lê-se na nota, “previamente à realização de qualquer trabalho”, a Deloitte faz “uma análise para a sua aceitação, não tendo sido identificada qualquer situação que impedisse ou aconselhasse a não realização do trabalho”.

A consultora precisa ainda que “as partes interessadas foram informadas sobre a existência de trabalhos desenvolvidos no passado para o BES e Novo Banco”.

“Em particular, no caso de assessoria a transações, pela própria natureza aberta dos processos, o nosso envolvimento nos mesmos é de conhecimento público. Esta é prestada com o objetivo de maximizar a competitividade do processo e, consequentemente, o resultado para o vendedor, e garantir a todos os concorrentes ao processo de venda, acesso à informação disponível em condições de equidade”, é referido.

A Deloitte acrescenta que “em circunstância alguma” participou no processo de decisão, precisando que “nem o poderia ter feito por regras legais e deontológicas”.

A Lusa questionou o Ministério das Finanças sobre se foi informado sobre a existência dos referidos trabalhos desenvolvidos no passado para o BES e Novo Banco pela Deloitte mas ainda não obteve resposta.

No esclarecimento, a consultora afirma também que “responde pela qualidade dos seus trabalhos e dos seus relatórios”, sendo que esta auditoria especial, “face à natureza relevante para o país e partes interessadas, envolveu os profissionais mais qualificados e experientes”, seguindo “os critérios de independência e ética mais elevados”.

Esta sexta-feira, o Bloco de Esquerda apelou ao Presidente da República e ao Governo que considerem nula a auditoria da Deloitte ao Novo Banco, considerando que está “ferida de morte” e não garante “seriedade, rigor e independência” devido ao “conflito de interesses” da consultora.

“Nós convocámos ontem [quinta-feira] esta conferência de imprensa porque tivemos conhecimento, através de uma denúncia, de um facto que, entretanto, confirmámos por uma notícia antiga da agência Reuters de 2017 e que hoje [sexta-feira] surge na comunicação social”, explicou a deputada do BE Mariana Mortágua.

Em causa está o facto de a auditoria especial feita pela Deloitte não referir que a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida, concluída em 2019, o que a bloquista aponta como sendo um “conflito de interesses” da consultora.

Na sexta-feira, à margem de uma visita à vila de Castro Marim, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que um potencial conflito de interesses da Deloitte, que fez a auditoria especial ao Novo Banco, poderá, a confirmar-se, ser uma situação “muito incómoda”.

“Se tivesse acontecido que uma entidade de auditoria tivesse intervindo, sendo ouvida, numa operação, qualquer que ela fosse, de compra ou venda de bens, e mais tarde fosse chamada a pronunciar-se sobre essa mesma operação, é evidente que aí haveria uma situação muito incómoda em termos de conflito de interesses”, disse o chefe de Estado, numa referência indireta, sem nomear envolvidos, à notícia avançada pelo Jornal Económico.

Na terça-feira de madrugada, o Ministério das Finanças anunciou, em comunicado, que recebeu o relatório da auditoria externa e que esse “será remetido à Procuradoria-Geral da República considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público”.

Segundo o Governo, o relatório revela perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 04 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018) e “descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários.

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