Atuns alinhados no chão, gritos dos compradores e todo o ritual dos leilões de peixe. Tudo tal e qual como ocorria no Tsukiji... exceto algumas novidades.

"[O mercado] é um pouco menos fechado e será um pouco menos restrito do que se temia num primeiro momento, mas nunca será a mesma atmosfera do Tsukiji", diz Lionel Beccat, chefe do restaurante Esquisse de Tóquio. "No plano estritamente profissional, talvez o Toyosu seja melhor, mas do ponto de vista sentimental, vence o Tsukiji. No final, a cabeça diz sim e o coração, não", continua Beccat.

As caixas cobertas e limpas do Toyosu contrastam com as do antigo mercado, cujas antigas instalações estavam expostas ao tempo e onde persistiam técnicas ancestrais.

No Toyosu, moderno, estão asseguradas as condições de higiene, mas desaparecerá grande parte do conhecimento herdado em quatro séculos de mercado de atum, primeiro em Nihonbashi e depois no Tsukiji.

A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, prometeu escutar os vendedores instalados no Toyosu, que já assinalaram alguns problemas, como os difíceis acessos para se chegar ao novo mercado e a falta de estacionamento para os camiões, entre outros.

Os comerciantes temem ainda alagamentos com águas subterrâneas contaminadas, já que o mercado está sobre um aterro no mar onde já funcionou uma fábrica de gás.

"É um paradoxo que tenham construído o maior mercado de produtos frescos do mundo num local como este", lamentou Beccat.

"É uma loucura, infernal, ainda não estamos acostumados", declarou Masatake Ayabe, que atende um cliente enquanto outro aguarda.

Muitos passeiam-se pelo mercado com mapas na mão, mas a atividade parece correr a todo o vapor nos trilhos que percorrem o novo local.

Além das peixarias, a mudança também afetou vendedores de frutas e vegetais do Tsukiji.

O mercado ao ar livre, que consiste em minúsculos restaurantes de sushi e barracas onde se pode encontrar de tudo, desde café a algas marinhas, será o único vestígio de Tsukiji que sobreviverá, a cerca de dois quilómetros do novo mercado.