De acordo com os novos dados da Parceria para a Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (IPC) – a principal autoridade internacional em matéria de gravidade das crises de fome – a Organização Não-Governamental (ONG) Save the Children constatou que 16,4 milhões de crianças, ou seja, três em cada quatro crianças, enfrentam atualmente níveis de fome de “crise”, “emergência” ou “catástrofe”, contra 8,3 milhões em dezembro.

De acordo com o CPI, existe um risco de fome em 14 localidades do país, com 755.000 pessoas a enfrentarem níveis catastróficos, incluindo 355.605 crianças, de acordo com as estimativas da Save the Children.

“[Os números] deviam fazer gelar o nosso sangue”, afirmou o diretor nacional da ONG no Sudão, Arif Noor, em comunicado. Catorze meses de conflito devastador transformaram o Sudão num campo de batalha. Centenas de milhares de crianças que conseguiram desviar-se das balas e das bombas enfrentam agora a morte por fome e doença.

Noor questionou sobre onde está “a indignação coletiva – e a ação – necessária”, uma vez que “já é demasiado tarde para evitar a fome e a subnutrição em massa”.

“[Mas] através de uma ação imediata e coordenada, podemos salvar vidas; a história julgar-nos-á se não o fizermos”, acrescentou.

De acordo com a ONG, a resposta humanitária para o Sudão está “lamentavelmente subfinanciada”, com os doadores “a fornecerem apenas 16,8% de um plano de resposta da ONU de 2,7 mil milhões de dólares” (cerca de 2,5 mil milhões de euros).

O Sudão é o cenário das piores catástrofes humanitárias do mundo e da maior vaga de deslocações a nível global, com mais de dez milhões de pessoas a fugirem das suas casas.

A guerra no Sudão entre o exército regular e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) matou entre 30.000 e 150.000 pessoas, de acordo com diferentes fontes.