Só a 13 de janeiro, 10.000 pessoas atravessaram o rio Ubangi para procurar refúgio na República Democrática do Congo (RDCongo), disse o porta-voz do ACNUR, Boris Sheshirkov, aos jornalistas.

O ACNUR “apela à cessação imediata de toda a violência na República Centro-Africana” e “ao regresso imediato de todas as partes a um diálogo significativo e ao progresso rumo à paz”, disse o porta-voz.

A agência das Nações Unidas também disse que existem informações sobre abusos cometidos por grupos armados, incluindo violência sexual, ataques aos eleitores e saques.

A esmagadora maioria dos refugiados foi para a RDCongo (50.000 pessoas), mas também existe o registo de fugas para a República do Congo, Chade e Camarões.

De acordo com a Comissão dos Movimentos Populacionais, as organizações internacionais estima que 58.000 pessoas estejam deslocadas dentro da própria República Centro-Africana.

O ACNUR já procurava este ano 151,5 milhões de dólares (143 milhões de euros) para responder à situação no país e tudo indica que se verifique “uma lacuna de financiamento significativa”, salientou o porta-voz, apelando à “comunidade internacional para intensificar urgentemente o apoio à resposta humanitária, de modo a poder prestar mais assistência às pessoas necessitadas em áreas remotas”.

A 19 de Dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legislativas, uma coligação de seis dos mais poderosos grupos armados que controlam dois terços da República Centro-Africana desde o início da guerra civil em 2013, anunciou uma ofensiva para impedir a reeleição de Faustin Archange Touadéra, declarado vencedor a 04 de janeiro, após uma votação fortemente contestada pela oposição.

Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a missão da ONU (Minusca) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.