Um estudo desenvolvido pela Associação Portuguesa de Telemedicina (APT), com o apoio da Ordem dos Médicos, veio mostrar um aumento do número de teleconsultas.

Num total de 2.225 inquiridos entre julho e setembro de 2020 — o que corresponde a 7,2% do total de médicos do SNS — apenas 138 (6%) não realizaram consultas à distância na primeira fase da pandemia. De forma geral, 70% espera manter este tipo de consultas com utentes que estão a acompanhar.

"A pandemia covid-19 desafiou a concepção tradicional de consulta, fazendo com que a teleconsulta ou consulta não presencial fossem utilizadas pela primeira vez de forma disseminada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) de modo a que os cuidados de saúde fossem assegurados aos utentes", pode ler-se no relatório divulgado.

Olhando para a generalidade do país, "na maioria das instituições a teleconsulta não era uma atividade usual e organizada, não existindo, portanto, instalações, plataformas ou tecnologias próprias, nem uma experiência prática por parte da maioria dos médicos, enfermeiros e demais profissionais. Na maioria dos casos, esta atividade partiu de um esforço individual, criativo e algo experimental de todos os intervenientes, utilizando da melhor forma os meios existentes".

O questionário, que foi dirigido a todos os médicos do SNS, permitiu tirar algumas conclusões, entre elas o facto de a teleconsulta ter sido "utilizada por grande parte dos médicos do SNS (94% dos inquiridos) de diversas especialidades e de todas as faixas etárias, para continuar a assegurar cuidados de saúde aos utentes em todo o país", maioritariamente recorrendo ao telefone.

Contudo, o estudo mostrou também a necessidade de "um investimento digital que seja consistente e estruturante, assegurando a criação de condições adequadas nas instituições de saúde para a realização de teleconsultas – em instalações, em infraestruturas tecnológicas (redes, equipamentos, plataformas específicas), para que os registos, relatórios e requisições possam ser processados adequadamente".

Desta forma, o presidente da Associação Portuguesa de Telemedicina demonstra a diferença entre um mero telefonema e uma teleconsulta. "Contactos telefónicos não são teleconsultas e os inquiridos são claros quando, ao pretenderem manter esta modalidade de consulta, sustentam a necessidade de recorrer ao suporte vídeo nas teleconsultas. Poderá estar assegurado, nestas circunstâncias, o futuro da teleconsulta, exibindo assim sinais muito positivos para a afirmação da telessaúde no Serviço Nacional de Saúde, designadamente para incrementar a capacidade de resposta do SNS após o surto pandémico", frisou Eduardo Castela.