O jornal Observador avança que o caso terá acontecido em Nova Iorque durante o Festival de Cinema de Tribecca, em 2006. Anna Martemucci, conhecida como A. M. Lukas, guionista e atriz americana acusa Nuno Lopes de a drogar e depois a ter levado para o seu apartamento onde a terá violado. No dia seguinte, 29 de abril, a atriz foi ao hospital onde foi vista por médico e denunciou o caso à polícia.

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O processo deu entrada no Tribunal do Distrito Oriental de Nova Iorque esta segunda-feira. E consta no caso que a guionista teve de tomar medicação anti-HIV e que sofreu de stress pós-traumático. Contudo, o português contesta e num comunicado publicado nas redes sociais diz ser "moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam.Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos”.

Nuno Lopes começou o comunicado por esclarecer que apesar de sempre ter prezado a sua vida pessoal, mantendo a sua privacidade protegida, neste caso teve a "maior vontade de vir a público esclarecer e contar a verdade sobre esta história", o que só não fez por ter sido instruído pelos seus advogados americanos a "abster[-se] de revelar todos e quaisquer detalhes sobre o processo".

Agora, a atriz diz que na altura Nuno Lopes confirmou que mantiveram relações sexuais num telefonema. O DJ e ator acrescenta ainda que está "de consciência absolutamente tranquila”, acrescenta. “Refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome”.

De acordo com a agência Lusa a atriz foi  apresentada a Nuno Lopes e pouco depois de se conhecerem começou a sentir o corpo "invulgarmente pesado" e começou a "perder a memória", revelam os advogados da realizadora, em comunicado.

Reportando-se às "poucas e horríveis recordações fragmentadas dessa noite e das primeiras horas da manhã", A.M. Lukas relatou lembrar-se de Nuno Lopes lhe "segurar as pernas moles" e de a violar, detalhando as várias formas como o fez, enquanto ela entrava e saía de estados de consciência.

Sobre estas acusações, o ator afirma tê-las recebido com "surpresa e choque", através de uma carta dos advogados de A.M. Lukas, em que lhe era pedido que "propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas", o que Nuno Lopes rejeitou.

Com este processo judicial, interposto no Tribunal de Nova Iorque na segunda-feira, 17 anos após o sucedido, a realizadora norte-americana pretende responsabilizar o ator português pelos seus atos e chamar a atenção de vítimas de alegados crimes sexuais para o fim do prazo de um enquadramento legislativo especial, intitulado 'The Adult Survivors Act', para apresentarem queixa.

O prazo para interpor um processo ao abrigo da chamada Lei dos Sobreviventes Adultos de Nova Iorque (em tradução livre) termina na quinta-feira.

Segundo os advogados de A.M. Lukas, a guionista sofreu "graves traumas psicológicos e emocionais", que "tem de suportar até hoje".

Um dos advogados, Michael Willemin, afirmou, em nome da sociedade que representa (Wigdor LLP), sentir-se "inspirado pela coragem" de A.M. Lukas em responsabilizar Nuno Lopes, assinalando que "a indústria cinematográfica tem repetidamente dado licença a homens como o Sr. Lopes para se envolverem em agressões sexuais sem consequências".

A.M. Lukas afirmou, por sua vez, que foi dada ao ator português "a oportunidade de assumir a responsabilidade pelos seus atos: de reconhecer o que fez, de responder por isso e de pedir desculpa".

"Recusou-se imediatamente a fazê-lo e comunicou de forma inequívoca que nunca reconheceria qualquer ato ilícito. Não podemos aceitar um mundo em que os autores de comportamentos hediondos e desumanos possam viver as suas vidas às claras, com impunidade e sem consequências sociais, enquanto as suas vítimas sofrem em silêncio", acrescentou, sublinhando que não obstante quaisquer tentativas de humilhação e desacreditação que possam ser levadas a cabo pela defesa de Nuno Lopes, não se deixará "dissuadir de fazer justiça".

Também o ator afirma a mesma intenção de que se faça justiça, porque está de "consciência absolutamente tranquila", embora "ciente das consequências gravíssimas que este caso representa" e de como a sua "decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências" para a sua "reputação quer pessoal quer profissional".

"Não obstante, quero deixar bem claro que refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e que nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome", concluiu o ator.

*Com Lusa