“Vou começar um partido pobre, sem dinheiro, sem televisão. Quem for para lá, vai por amor. É igual ao casamento, casamos por amor”, disse o chefe de Estado à imprensa local, ao chegar ao Palácio da Alvorada, a sua residência oficial, em Brasília, capital do país.
Jair Bolsonaro anunciou na terça-feira a sua saída do Partido Social Liberal (PSL), formação política pela qual concorreu às presidenciais de 2018, e a criação do partido Aliança pelo Brasil.
Na quinta-feira, na transmissão em direto no Facebook que faz semanalmente, o chefe de Estado declarou que a sua desvinculação oficial do PSL será feita “nos próximos dias”, acrescentando que se trata de uma “separação amigável”.
“A única certeza é de que me desfilio do PSL nos próximos dias. Agradeço todo o apoio e consideração que tive no partido. É uma separação amigável”, disse o governante.
Contudo, apesar de Bolsonaro mencionar um clima de “amizade”, a sua saída do PSL resultou de uma crise interna do partido, que se arrasta desde o mês passado, ocasião em que o chefe de Estado se desentendeu com o presidente daquela formação política, Luciano Bivar.
A polémica começou quando, no início de outubro, Bolsonaro orientou um seu apoiante a “esquecer” o Partido Social Liberal, acrescentando que Luciano Bivar estava “queimado”.
As declarações de Bolsonaro levaram o presidente do partido a declarar publicamente que o atual chefe de Estado do Brasil “já está afastado” e “esquecido” da formação política.
O PSL enfrenta ainda problemas na justiça desde o início do ano, sendo alvo de investigações sobre alegadas candidaturas fantasma de mulheres e de desvio de dinheiro dessas campanhas eleitorais para outras finalidades.
“Após cerca de oito meses de investigação, o Ministério Público Eleitoral acusou (…) 11 pessoas por envolvimento num esquema de desvio de recursos por meio de ‘candidaturas fantasma’ nas últimas eleições”, segundo declarou o procurador de Justiça Eleitoral Fernando Abreu, em outubro.
Todos os acusados estão ligados ao PSL, entre eles o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
De acordo com a imprensa local, também a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro saiu beneficiada com esse desvio de verbas.
O chefe de Estado brasileiro chegou a propor uma auditoria às contas do PSL para verificar uma eventual existência de irregularidades, ameaçando deixar o partido, situação que se concretizou na terça-feira.
O PSL era uma formação política de baixa representatividade no parlamento do país, com apenas um deputado, até às eleições de 2018, quando se tornou no segundo maior partido da câmara baixa, elegendo 53 dos 513 deputados desta casa parlamentar.
Por enquanto, apenas o senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do Presidente da República e também filiado ao PSL, formalizou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a sua saída do partido.
A imprensa brasileira refere que os advogados de Bolsonaro estimam que conseguirão entregar, até março do próximo ano, as cerca de 500 mil assinaturas exigidas pelo TSE para a criação do partido.
A ideia é viabilizar o Aliança pelo Brasil a tempo de lançar candidatos às eleições municipais de 2020, o que exige aprovação do tribunal eleitoral até abril.
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