No vídeo, divulgado nas redes-sociais do primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, retoma a cena em que o ator Andrew Lincoln, com a ajuda de cartazes, apresenta uma mensagem silenciosa à mulher que ama, interpretada por Keira Knightley.

A paródia eleitoral apresenta o chefe de Governo e uma atriz anónima que, à porta de sua casa, lê a mensagem: "Com alguma sorte, no próximo ano teremos feito o Brexit". "(Se o Parlamento não bloqueá-lo novamente)", afirma outro cartaz, seguido de "E assim poderemos seguir em frente".

Em seguida, Johnson pede, sempre sem dizer palavra e ao som de uma música de natal, o voto da eleitora para obter uma ampla maioria parlamentar, advertindo que "O outro tipo pode ganhar..." — referindo-se a Jeremy Corbyn, candidato pelo partido Trabalhista que tenciona levar o Brexit a um segundo referendo caso obtenha uma maioria parlamentar — e que as eleições podem resultar "noutro Parlamento bloqueado a discutir sobre o Brexit".

"Precisamos apenas de mais nove lugares para ter uma maioria", pode ler-se ainda nos cartazes. Os conservadores venceram as últimas eleições no Reino Unido, em 2017, mas não obtiveram uma maioria parlamentar, conseguindo 317 dos 326 lugares necessários.

O vídeo acaba com Johnson a virar-se para a câmara e a dizer "vamos lá acabar com isto".

Para além de servir como parte da campanha eleitoral, esta paródia parece dirigir-se especificamente àquele que tem sido um dos mais notórios opositores de Johnson.

Hugh Grant, um dos atores da comédia romântica de 2003, na qual interpreta o primeiro-ministro do país, tem feito campanha porta a porta por um segundo referendo sobre a saída da União Europeia ao lado de ativistas trabalhistas.

Questionado pela BBC quanto ao vídeo de Johnson, o ator, que disse sentir "pânico com o Brexit", admitiu que o vídeo foi tecnicamente "muito bem feito" e com "valores de produção muito altos", mas que deixou de fora um cartão crucial da cena de onde tirou inspiração.

Grant destacou que na paródia não aparece um dos cartazes do filme original, em que Andrew Lincoln afirma: "Porque no Natal diz-se a verdade". "Pergunto-me se os conselheiros do Partido Conservador pensaram que era um cartaz que não ficaria muito bem nas mãos de Boris Johnson", completou.

Para além disso, Grant apontou ainda que o dinheiro empregue pelo partido Conservador para o vídeo pode ter origem estrangeira. "Talvez tenha sido nisto para onde os rublos todos foram", referindo-se a um relatório de que vários dos donativos recebidos para a campanha de Johnson vieram da Rússia.