A Rússia apressou-se em advertir contra "hipóteses" sobre a causa do acidente com o Embraer 190, de fabrico brasileira, que transportava 62 passageiros e 5 tripulantes entre Baku, capital do Azerbaijão, e Grozny, capital da república russa caucasiana da Tchetchénia. Caiu perto de Aktau, nas margens do mar Cáspio, no oeste do Cazaquistão.
Uma investigação está em andamento, anunciaram as autoridades do país, embora alguns especialistas militares e de aviação afirmem que a aeronave, que sobrevoava uma área do Cáucaso russo onde foi relatado um ataque de drone, pode ter sido derrubada por um sistema russo de defesa antiaérea.
"Devemos esperar pelo fim da investigação", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O Cazaquistão denunciou imediatamente as "especulações" sobre o acidente, sobre o qual não há uma hipótese oficial.
O presidente do Senado, a câmara alta do Parlamento, Maulen Ashimbayev, garantiu que "não é possível" dizer neste momento o que causou a catástrofe.
"Os verdadeiros especialistas estão a investigar e chegarão às suas conclusões. Nem o Cazaquistão, nem a Rússia, nem o Azerbaijão tem qualquer interesse em ocultar informação", declarou, citado pela agência oficial russa TASS.
"Muitos estilhaços"
No princípio, a companhia aérea alegou que um bando de pássaros atingiu o avião, mas essa informação já foi desmentida.
A agência russa de aviação civil (Rosaviatsia) também mencionou esta versão na quarta-feira.
No entanto, os buracos visíveis na fuselagem do avião são um dos elementos citados, o que corrobora a teoria de que a aeronave foi derrubada.
O especialista militar russo, Yuri Podoliaka, disse no Telegram que os buracos visíveis na fuselagem do avião eram semelhantes aos que poderiam ser causados por "um sistema de mísseis antiaéreos".
Um ex-especialista da agência francesa de investigação de acidentes aéreos (BEA) disse à AFP que parecia haver "muitos estilhaços" na fuselagem.
Isto "lembra o MH17", disse sob condição de anonimato, referindo-se ao voo da Malaysia Airlines atingido por um míssil terra-ar sobre a Ucrânia em 2014, que matou 298 pessoas.
Por sua vez, o departamento regional do Ministério da Saúde do Cazaquistão informou em comunicado a "explosão de um balão" a bordo da aeronave, sem dar mais detalhes.
O Ministério do Interior do Cazaquistão abriu uma investigação por "violação das normas de segurança e operação do transporte aéreo".
O serviço Flightradar24, que permite acompanhar a movimentação dos aviões em tempo real, mostra que o aparelho atravessou o mar Cáspio, desviando-se do seu percurso normal, antes de voar em círculos sobre a zona onde caiu.
Dia de luto
De acordo com o Ministério de Situações de Emergência do Cazaquistão, 38 pessoas morreram no acidente e "29 sobreviventes, incluindo três crianças, foram hospitalizados".
A agência azeri Azertac indicou que 12 sobreviventes retornarão ao Azerbaijão esta quinta-feira.
O presidente do país, Ilham Aliev, decretou esta quinta-feira um dia de luto nacional, depois de interromper uma visita à Rússia no dia anterior para uma cúpula informal.
Elmira, moradora do Cazaquistão, disse à estação local Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) que estava perto do local do acidente e, juntamente com outras pessoas, correu para ajudar os sobreviventes.
"Eles estavam cobertos de sangue. Choravam. Pediam ajuda", afirmou.
Jalil Aliyev, pai da comissária de bordo Hokume Aliyeva, disse à AFP que este deveria ter sido o seu último voo antes de começar a trabalhar como advogada para a companhia aérea.
"Por que a sua jovem vida teve que terminar de forma tão trágica?", perguntou o homem com a voz trémula, antes de desligar o telefone.
Esta quinta-feira, um avião chegou a Moscovo com nove russos feridos a bordo, incluindo uma criança, segundo o Ministério de Situações de Emergência da Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou a suas "condolências" ao seu homólogo do Azerbaijão, segundo o Kremlin.
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