O partido cresceu e a sala acompanhou o 'salto'. Em dezembro de 2021, João Cotrim Figueiredo saiu do Centro de Congressos de Lisboa reeleito líder com 94% dos votos e desde então o partido passou de um deputado único para uma bancada de oitos deputados na Assembleia da República e elevou o número de membros de quatro mil para cerca de seis mil.
Este fim de semana os liberais regressam ao mesmo local, mas num auditório consideravelmente maior, dominado pela cor azul e apontamentos vermelhos, com cerca de 2.300 membros inscritos e sob o lema “Portugal mais liberal”.
Em declarações à agência Lusa, Dina Ratão, 48 anos, rejeitou quem vaticina a ‘morte’ do partido após a saída de João Cotrim Figueiredo da liderança, “pelo contrário”.
“Eu acho que a IL tem perfeitamente capacidade de ser um partido de Governo porque a IL tem ideias, e tem pessoas dentro da sua estrutura capazes de levar o partido mais longe”, defendeu.
Na opinião desta advogada, a “nação está adormecida à sombra de um bipartidarismo político entre o PS e o PSD que já nada traz de novo”.
Quanto a possíveis acordos com o Chega para integrar um executivo, Dina afastou esse cenário: “Não considero que o nosso país precise de uma ditadura, que o nosso país vai evoluir com uma nova perspetiva de poder absoluto, pelo contrário, precisamos de liberdade, cientes dos nossos direitos e deveres”.
Mas esta não é a opinião de todos os membros liberais presentes na Convenção Nacional. Filipe Vieira, 54 anos, disse não se identificar “de todo” com o partido liderado por André Ventura, mas abriu possibilidade a um acordo de governação que inclua este partido.
“Se for para o bem de Portugal não digo que não, que é o que está a acontecer nos Açores, mas acho que caso a caso, depende de muitas variáveis”, respondeu.
João Arrais, 50 anos, engenheiro, acredita que a IL tem potencial para ser um partido de Governo e diferencia-o de restantes forças políticas.
“Não tem políticos profissionais, tem pessoas que vêm do mundo real, que não são carreiristas políticos, são pessoas que têm as suas vidas profissionais, conhecem as dificuldades, vêm da realidade que nos afeta no dia-a-dia, não vivem dentro de uma redoma”, salientou.
Quanto ao Chega, é taxativo: “Eu acho que é uma linha que a IL não pode ultrapassar, nunca”.
À semelhança da convenção anterior, à entrada da reunião magna encontra-se uma banca que vende o ‘merchandising’ do partido, que não foi afetada pela inflação sentida no resto do país: os preços mantêm-se face aos da convenção de 2021 e nalguns casos até descem ligeiramente.
Desde canetas, crachás ou fitas de pulso a dois euros e meio, até ao casaco azul-escuro com o logótipo da IL a 45 euros, há material para todos os gostos: guarda-chuvas, sacos de pano, meias com as cores do arco-íris, representativa da comunidade LGBTI+ ou até t-shirts com frases como “Sou bom partido, imagina inteiro”.
Os participantes da convenção têm ainda disponível uma aplicação de telemóvel, com toda a documentação necessária ao acompanhamento dos trabalhos, horários ou outras informações úteis como locais para comer, estacionar ou pernoitar.
António Ferreira, 53 anos, vendedor, mostrou-se convicto de que o partido “a médio prazo vai ser capaz de assumir outras responsabilidades”, e sobre acordos com o Chega para atingir a governação abriu a hipótese, desde que fossem respeitadas “certas regras e princípios”.
“Caso respeitem eu acho que pode fazer sentido, porque Portugal precisa muito de uma mudança. (…) Pior do que uma aliança de direita com o Chega é a manutenção deste governo socialista e, como anteriormente aconteceu, aliado a comunistas e bloquistas”, respondeu, nume referência à ‘geringonça’.
Filipe Ratão, jovem de 20 anos e estudante de economia, classificou de “manifestamente exagerado” o prognóstico de uma ‘morte’ do partido após a saída de Cotrim Figueiredo e defendeu que a IL está preparada para participar num executivo.
Quanto ao Chega, rejeitou acordos e virou a questão para o partido de Ventura, dizendo que “partidos democráticos não devem fazer concessões a partidos do século passado” e que será o Chega a decidir se quer apoiar um eventual executivo PSD/IL para retirar a esquerda do poder.
A VII Convenção da Iniciativa Liberal termina hoje com a eleição do novo líder, escolhido entre os deputados Rui Rocha e Carla Castro e o conselheiro nacional José Cardoso.
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