Autoridades pró-russas instaladas em Kherson, no sul da Ucrânia, ordenaram hoje que todos os residentes abandonassem "imediatamente" a cidade antes de um avanço das forças ucranianas.

Como chegou o aviso?

Numa mensagem no Telegram, as autoridades pró-Kremlin apelaram aos civis daquela que é uma das das principais áreas urbanas ocupadas pelos invasores no início da guerra que utilizem barcos para atravessar o rio Dnieper, para se dirigirem em direção a territórios controlados pela Rússia.

Porquê abandonar o território?

As forças russas citaram uma situação de tensão e uma alegada ameaça de bombardeamentos e “ataques de terror” por Kiev.

Quando começou a contra-ofensiva ucraniana nesta região recentemente anexada por Moscovo?

Em 13 de outubro, o governador interino da região de Kherson nomeado por Moscovo, Vladimir Saldo, pediu à população civil da parte desse território que se encontra na margem direita do Dnieper que se dirigisse para a outra margem, perante o avanço das tropas ucranianas.

Esta quarta-feira, quando começou a retirada organizada, Saldo afirmou que, no primeiro dia, mais de 7.000 cidadãos foram transportados em ‘ferries’ para a margem esquerda do rio Dnieper.

No total, as autoridades pró-russas pretendem retirar entre 50.000 e 60.000 habitantes num prazo de seis dias.

Além disso, já instalaram as estruturas do poder da administração civil e militar fora da capital regional, também do outro lado do rio.

Os ‘contra-ataques’ ucranianos em zonas fronteiriças russas estão a tornar-se mais frequentes e ainda esta semana as autoridades de Kursk e Belgorod relataram a destruição de uma subestação elétrica e de uma estação ferroviária.

As forças ucranianas atacaram, na sexta-feira, rotas de reabastecimento militares da Rússia em Kherson, tendo em vista um ataque em larga escala às posições russas na região.

Kyrylo Tymoshenko, conselheiro da presidência ucraniana, afirmou que “88 localidades foram retomadas” até agora às forças russas na região de Kherson, mais 13 do que o anterior balanço da ofensiva na região por Kiev.

Há vítimas mortais? 

As autoridades russas alegaram a morte de quatro pessoas, incluindo dois jornalistas, durante um bombardeamento noturno numa ponte em Kherson.

O exército ucraniano negou ter alvejado civis: “Não estamos a atingir as infraestruturas essenciais, não estamos a atingir assentamentos pacíficos e a população local”, disse uma porta-voz, Natalia Goumenyuk.

A porta-voz do comando operacional da Ucrânia no sul do país garantiu que a ponte Antonivskyi foi atingida apenas após as 22:00 locais, hora de recolher obrigatório para a população civil.