A AFP examina como se desenvolveu a crise num país onde a democracia era considerada firme e o que pode acontecer agora que a oposição pediu o destituição de Yoon Suk Yeol.
O que afirma a declaração do presidente?
O anúncio feito por Yoon Suk Yeol na noite de terça-feira pela televisão marca a primeira vez em mais de quatro décadas que a lei marcial foi imposta no país de 52 milhões de habitantes.
A suspensão do comando civil foi para "salvaguardar uma Coreia do Sul liberal das ameaças que as forças comunistas da Coreia do Norte representam", disse Yoon Suk Yeol numa mensagem solene.
Logo depois, um decreto do comandante do Exército, o general Park An-su, proibiu a atividade política e as festas, a "propaganda falsa", as greves e "reuniões que incitem a agitação social".
Os meios de comunicação também ficaram sob a autoridade da lei marcial.
O que aconteceu no Parlamento?
As forças de segurança bloquearam a Assembleia Nacional com quase 300 soldados, ao que parece para impedir a entrada dos deputados.
Os funcionários do Parlamento impediram a entrada dos soldados com cadeiras e extintores, enquanto alguns deputados, saltaram as barricadas, conseguiram entrar e votaram a anulação da lei marcial.
A decisão foi comemorada por milhares de manifestantes que desafiaram o frio intenso da noite, muitos deles para pedir a prisão de Yoon Suk Yeol.
O que fez Yoon Suk Yeol?
Após várias horas de tensão, Yoon Suk Yeol apareceu novamente na televisão às 4h30 da madrugada e revogou a lei marcial.
“Há pouco, a Assembleia Nacional pediu para suspender o estado de emergência e retiramos os militares mobilizados para as operações da lei marcial”, anunciou.
O paradeiro deles é desconhecido desde então.
O que explica o comportamento de Yoon Suk Yeol?
Yoon é um presidente enfraquecido desde que o Partido Democrático, oposição, conquistou a maioria nas eleições legislativas de abril.
A oposição cortou quase 4,1 trilhões de won (2,6 mil milhões de euros) do orçamento de 2025, “todos os orçamentos essenciais para as funções básicas do país”, de acordo com o presidente.
Contudo, de acordo com Gi-Wook Shin, professor da Universidade de Stanford, as dificuldades, combinadas com uma investigação sobre a sua esposa e os seus baixos índices de popularidade, não justificam a imposição da lei marcial.
A medida drástica “geralmente é reservada para situações como guerra, emergências ou outras preocupações semelhantes que ameaçam a segurança nacional”, disse Shin à AFP.
O que deve acontecer com Yoon Suk Yeol?
Seis partidos da oposição apresentaram uma moção de censura para destituir o presidente, que poderá ser votada na sexta-feira.
A oposição tem ampla maioria no Parlamento de 300 cadeiras e precisa apenas de alguns votos do partido no poder para alcançar a maioria necessária de dois terços.
Se a moção de censura for aprovada, será suspenso até uma decisão da Corte Constitucional em 180 dias. Nesse meio tempo, o primeiro-ministro assumirá a presidência.
Se Yoon Suk Yeol for destituído, novas eleições presidenciais deverão ser realizadas em 60 dias.
Qual foi a reação internacional?
A Coreia do Sul é um importante aliado do Ocidente e um importante baluarte democrático em uma região dominada por regimes autoritários.
Os Estados Unidos expressaram “alívio” com a retirada da lei marcial, mas disseram esperar que “as divergências políticas sejam resolvidas pacificamente e de acordo com a lei”.
A China, um importante aliado da Coreia do Norte, pediu que seus cidadãos permanecessem cautelosos, enquanto a Rússia, cada vez mais próxima de Pyongyang, descreveu a situação como “alarmante”.
O Japão, que se aproximou mais de Seul durante o governo de Yoon Suk Yeol, disse que estava acompanhando a situação com “preocupação grave e excepcional”.
Comentários