
"Os Estados-membros da OMS deram um grande passo para conseguir um mundo mais seguro perante as pandemias, ao elaborar um projeto de acordo que será debatido na próxima Assembleia Mundial da Saúde em maio", indicou a OMS em comunicado.
O acordo foi alcançado por volta das 2h locais desta quarta-feira, disse um delegado à AFP. "As nações do mundo fizeram história hoje em Genebra", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Ao chegarem a um consenso sobre o Acordo de Pandemia, não só estabeleceram um acordo geracional para tornar o mundo mais seguro, mas também demonstraram que o multilateralismo está vivo e bem, e que, no nosso mundo dividido, as nações ainda podem trabalhar juntas para encontrar um terreno comum e uma resposta partilhada às ameaças comuns", acrescentou Tedros.
Cinco anos depois da covid-19 ter começado a matar milhões de pessoas e ter devastado economias, um senso de urgência crescente dominou as conversas, no meio do surgimento de novas ameaças sanitárias como a gripe aviária, o sarampo e o ébola.
A reta final das discussões aconteceu no momento em que os Estados Unidos promovem cortes de ajuda e ameaçam impor tarifas aos produtos farmacêuticos.
"Adotado"
Mas o principal obstáculo nas discussões foi o artigo 11, sobre a transferência de tecnologia para o fabrico de produtos de saúde ligados às pandemias, sobretudo em benefício dos países em desenvolvimento.
Esse tema foi motivo de numerosas reivindicações dos países mais pobres durante a pandemia de covid-19, quando viram como as nações ricas acumulavam doses de vacinas e de testes contra o novo coronavírus.
Muitos países nos quais a indústria farmacêutica representa parte importante de sua economia são contrários à transferência obrigatória e insistem no caráter voluntário. Finalmente, chegou-se a um consenso sobre o princípio da transferência tecnológica "de mútuo acordo".
No final, a totalidade das 32 páginas do acordo estavam a verde, um sinal de que o texto havia sido aprovado na sua totalidade pelos países-membros da OMS.
"Foi adotado", anunciou Anne-Claire Amprou, copresidente das negociações, entre fortes aplausos.
O texto deve ser ratificado em maio durante a assembleia anual da OMS.
Tedros comentou com jornalistas que, na sua opinião, o texto adotado é "bom", "equilibrado" e que traria "maior equidade" entre os países.
O diretor da OMS reconheceu que as medidas de coordenação para a prevenção pandémica podem ser custosas, mas garantiu que "o custo da inação é muito maior".
"O vírus é o pior inimigo, pode ser pior que uma guerra", frisou Tedros.
Os Estados Unidos não participaram das negociações depois do presidente, Donald Trump, ter determinado a retirada do país da organização sanitária da ONU ao regressar ao poder em janeiro.
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