Entre apitos, buzinas, megafones e tambores, os alunos gritaram palavras de ordem como “obras já” e “Governo, escuta, o Camões está em luta”, exibindo cartazes, onde se lia “o teto cai-me em cima”, “as obras não eram em 2009?” e “por uma escola pública de qualidade para todos”.

Segundo o presidente da Associação de Estudantes, Simão Bento, “os problemas são muitos e muito evidentes, devido à falta de financiamento de que a escola pública tem sido alvo por parte dos sucessivos governos do PS e PSD/CDS”.

O edifício da atual Escola Secundária de Camões foi construído em 1909, a partir de um projeto do arquiteto Miguel Ventura Terra, e é classificado desde 2012 como monumento de interesse público, mas nunca recebeu obras de fundo.

Simão Bento salientou que, mais recentemente, a primeira promessa de obras, “completamente falhada”, é de 2009 e que os alunos pretendem que “o Governo assuma pelos seus próprios meios as obras na escola”.

A escola, projetada inicialmente para 600 alunos, tem atualmente 1.200 durante o período diurno e 400 no período noturno.

“Viemos exigir também o aumento da ação social escolar, o aumento do rácio de funcionários para a nossa escola, uma vez que temos poucos funcionários, o trabalho é muito e as necessidades dos estudantes também são muitas”, sublinhou o dirigente estudantil.

Gabriel Silveira e Maria Gonçalves, alunos da escola, consideram que o Camões, atualmente, “não é seguro” e descrevem o que os levou a protestar: “a escola está a cair, precisa de obras urgentemente, os alunos passam muito frio nas aulas, as cortinas já não protegem do sol, no ano passado, durante uma tempestade, caiu um grande bocado do telhado”, afirmaram.

João Jaime, diretor da escola, apoiou o protesto “muito justo” dos alunos e salientou que, apesar das pressões, das ações e dos protestos, “há sempre qualquer coisa que é adiada”, tendo agora o processo voltado de novo ao início, com um novo concurso.

“Acho que a AR tem que rever qualquer coisa. Por um lado, antes não havia dinheiro, havia crise não podia haver obra, agora até há disponibilidade financeira, não há empreiteiros. Parece que há qualquer coisa que não está a correr bem. Não podemos estar a adiar a obra”, salientou.

O diretor da Escola Secundária de Camões lembrou um relatório de 2012 do LNEC que encontrou fragilidades no edifício.

“É natural que algum dia haja algum problema, e depois, aí sim, vão-se queixar, como em Borba, como nos incêndios. Parece que tem de existir algum problema grave, para que as coisas aconteçam”, desabafou.

Deputados do PCP, do BE e de Os Verdes estiveram presentes para demonstrar solidariedade para com os alunos.

Joana Mortágua, do Bloco, considerou que “o Governo se atrasou muito no lançamento do concurso” que, como ficou vazio, vai levar a que, na melhor das hipóteses o início das obras apenas seja possível daqui “a meses e meses”.

No entanto, agora que o processo foi iniciado, “o Governo tem de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para fazer as exigências destes alunos”

José Luís Ferreira, de Os Verdes, salientou que o partido apresentou um projeto de resolução para que o Governo avançasse com as obras e agora vai questionar o executivo “sobre o que é que está por detrás deste atraso”.

“O que nós consideramos inadmissível é que o Governo abra um concurso com 12 milhões, quando em 2012 se apontava para [a necessidade de] 19 [milhões], sendo praticamente previsível que o concurso ficaria deserto, porque, por esse valor, face ao volume das obras que estão em causa, certamente ninguém concorreria”, disse, considerando que “aquilo que se impõe é que o Governo abra um concurso com uma verba que seja razoável e apetecível para que as obras avancem de facto”.

Um concurso internacional para as obras de requalificação do edifício centenário foi lançado em meados do ano passado, envolvendo um investimento de 12,46 milhões de euros.

Na quarta-feira, véspera do protesto, o Ministério da Educação avançou à Lusa que o novo concurso de reabilitação do antigo Liceu Camões "está pronto a arrancar" e terá o valor de mais de 15 milhões de euros, sem IVA.

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