A proposta de lei do Orçamento do Estado para 2017 prevê o lançamento dos projetos de construção de três novos hospitais, em Lisboa Oriental, Évora e Seixal, mas deixa de fora o Algarve, região que, de acordo com um estudo encomendado pelo Governo há dez anos, ocupava o segundo lugar na lista de prioridades de novos hospitais.

"O ministro da Saúde não pode dizer que o Algarve precisa de uma intervenção urgente e, quando se trata de estabelecer prioridades na reavaliação da rede hospitalar, afastar o Algarve, ainda que aparentemente mantenha o estudo [de 2006] que esteve na base desta decisão", afirmou Cristóvão Norte, em declarações à Lusa.

Na nota explicativa do Orçamento do Estado para 2017 lê-se que, “em articulação com o Ministério das Finanças”, o Ministério da Saúde vai “proceder ao lançamento dos projetos do hospital de Lisboa Oriental, do hospital de Évora e do hospital do Seixal”.

O deputado algarvio aproveitou hoje o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2017 para questionar o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, sobre as razões que levaram o Governo a retirar o Algarve da lista de novos hospitais.

"A verdade é que a população no Algarve cresceu, os cuidados de saúde degradaram-se e existe uma enorme falta de médicos na região", acrescentou à Lusa Cristóvão Norte, que quer saber se houve algum estudo posterior que tenha alterado a realidade e os parâmetros estudados em 2006.

O ministro da Saúde na altura, António Correia de Campos, aprovou as propostas apresentadas por uma equipa de consultores da Escola de Gestão do Porto, que colocaram como prioridades de investimento, em primeiro lugar, o Hospital de Todos os Santos (Lisboa), em segundo lugar o Hospital Central do Algarve, em terceiro o Hospital do Seixal e, em quarto, o Hospital de Évora.

Em julho de 2006, Correia de Campos nomeou um grupo de trabalho para definir o perfil assistencial, área de influência e a dimensão do novo Hospital Central do Algarve e propunha a reconversão das instalações do Hospital de Faro numa Unidade de Cuidados Continuados para idosos.

O lançamento do concurso público para a construção do novo hospital chegou a ser anunciado para o início de 2008, para que as obras se iniciassem em 2009 e em maio de 2012 a unidade estivesse em pleno funcionamento, mas o projeto nunca avançou.

A instalação do hospital estava prevista para o complexo do Parque das Cidades, entre Faro e Loulé, com uma lotação de 549 camas, mais 15 de cuidados paliativos, dez salas operatórias, 46 gabinetes para consulta externa e 43 postos de hospital de dia.