O PCP afirma, em comunicado, que "não confunde os profissionais da ciência e do ensino superior nem os sócios do SNESUP com as afirmações caluniosas do seu presidente e continuará a bater-se para que o país tenha a política de ciência de que necessita e os seus profissionais o reconhecimento que merecem".

Uma proposta do PSD para a descativação das verbas para a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) foi chumbada na segunda-feira no parlamento durante a votação das propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2020 (OE2020) e o SNESup apontou o dedo ao PCP, que se absteve, permitindo que a proposta não passasse.

Hoje, em comunicado, os comunistas afirmaram aguardar que o presidente do sindicato "demonstre publicamente se e como a proposta do PSD pode produzir os efeitos que lhe atribuiu", ou, se não conseguir, que "se retrate publicamente pelas calúnias com que atacou" o grupo parlamentar do PCP.

Na primeira votação da proposta de alteração ao OE2020 houve um empate - PSD, Bloco de Esquerda, PAN e Iniciativa Liberal votaram favoravelmente; PS contra e PCP absteve-se – e a proposta voltou a ser votada. Como os resultados se repetiram, a proposta chumbou.

Ao fim do dia, o PCP alterou o sentido de voto e viabilizou a proposta do PSD que atribui à FCT uma exceção da utilização condicionada das suas dotações orçamentais.

Antes dessa alteração do sentido de voto, porém, o presidente do SNESup, Gonçalo Velho, disse à Lusa estar “chocado”, considerando “inaceitáveis” as abstenções dos deputados do PCP.

“Estou completamente chocado com a abstenção do PCP. O PCP que tinha uma proposta de valorização do sistema científico tecnológico nacional e depois não concretiza uma medida que é fundamental para este mesmo sistema (descativação das verbas da FCT). Só posso supor que tenha sido um erro ou uma desconcentração no momento da votação. Isto deixa-me a mim e a todos os investigadores completamente estupefactos com esta votação do PCP”, criticou.

No comunicado, a bancada do PCP alegou que "de acordo com dados do Ministério das Finanças", a FCT "chegou ao final de 2019 com cativos zero, tendo executado por inteiro o orçamento atribuído" e recordou que as propostas que fez para o OE2020 "correspondem à generalidade das soluções reclamadas por docentes e investigadores".

Quanto à do PSD, argumentou ainda, "nada adiantava quanto às necessidades de reforço orçamental das verbas destinadas à ciência" e, por isso, optou "pela abstenção".