No dia em que se assinalam seis meses desde que a OMS recebeu os primeiros relatos sobre casos de pneumonia inexplicados na China, Tedros Ghebreyesus afirmou que “a realidade é que isto ainda está longe de acabar”.

“Globalmente, a pandemia está a acelerar”, ultrapassadas as barreiras de 10 milhões de casos e 500 mil mortos, indicou.

"Todos queremos que isso termine. Todos queremos seguir com nossas vidas. Mas a dura realidade é que estamos longe do fim", disse o diretor-geral da OMS.

"Amanhã, seis meses ter-se-ão passado desde que a OMS recebeu os primeiros relatos sobre um grupo de casos de pneumonia de origem desconhecida na China. Há seis meses, nenhum de nós imaginaria como o nosso mundo e as nossas vidas seriam prejudicados", acrescentou.

Tratando-se de um vírus “rápido e assassino”, é preciso “evitar as divisões” porque “quaisquer diferenças podem ser exploradas” pelo novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, onde a OMS vai enviar “na próxima semana” uma equipa para “compreender como começou e o que se pode fazer no futuro” para o mundo se preparar para lidar com ele.

"Já perdemos muitas coisas, mas não podemos perder a esperança", enfatizou.

O chefe da OMS observou que uma vacina será uma "ferramenta importante" para controlar o vírus a longo prazo, mas pediu aos governos que "façam testes, rastreamentos, isolem e coloquem os casos em quarentena", e à população que respeite as medidas de higiene, use máscara quando necessário e respeite as regras de distância física.

Dentro deste lote de ferramentas, Tedros Ghebreyesus destacou o rastreamento de contactos infetados como a mais importante para combater a pandemia, dando como exemplo o trabalho da Coreia do Sul.

Sublinhando que a OMS já conseguiu fazer este rastreamento em condições extremas, como no surto de Ébola na República Democrática do Congo em 2018, o diretor-geral da organização defendeu que "não há desculpas para [não fazer] rastreamento de contactos". "Se algum país disser que fazer rastreamento de contactos é difícil, essa é uma desculpa esfarrapada".

Desde que a China anunciou oficialmente em dezembro a aparição da doença, o novo coronavírus provocou a morte de mais de 500.000 pessoas no mundo e mais de 10 milhões de casos foram registaados, dos quais quase metade é considerada recuperada.