“Portugal tem liderado mesmo desde antes da covid-19”, afirmou em declarações aos jornalistas a diretora-geral-assistente da OMS para o setor dos dados e análise, Samira Asma, apontando que “a cobertura de vacinação [para a covid-19] chegou quase aos 100 por cento e não aconteceu só por causa da pandemia, há um passado de compromisso político de alto nível”.
Uma equipa da OMS e de observadores internacionais está a partir de hoje em Portugal para auditar o sistema de saúde e os mecanismos de resposta à covid-19, no que será a primeira Revisão de Preparação Sanitária Universal de um país europeu, em que o país partilhará “experiências a diferentes níveis e desafios que encarou e o que aprendeu, grandes evoluções como a transição digital, o sistema de vacinação e a saúde pública e como atuou a todos os níveis”, salientou em declarações aos jornalistas o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.
O governante participou com outros responsáveis nacionais e internacionais numa reunião no Infarmed, em Lisboa.
Samira Asma afirmou que o objetivo desta revisão é “aproximar os países, partilhar experiências e arranjar soluções” para elevar ao máximo a preparação dos países para enfrentarem ameaças sanitárias futuras, o que poderá passar por “um fundo financeiro”.
“Precisamos desse tipo de recursos, não precisamos de esperar que as crises aconteçam”, frisou.
Até ao fim da semana, os peritos da OMS vão recolher informação e um relatório final sobre a prontidão do sistema português será apresentado na próxima Assembleia Mundial da Saúde, que se realiza entre 22 e 28 de maio em Genebra, na Suíça.
Intervindo remotamente a partir da sede europeia da OMS, em Copenhaga, o diretor da região europeia, Hans Kluge, afirmou que a preparação dos países para o futuro requer “investimento sustentado nos serviços de saúde e na arquitetura de resposta e preparação para emergências”.
O objetivo deste tipo de revisões, lançado pela OMS em novembro passado e atualmente em fase piloto, será “ajudar os estados-membros a avaliar, construir e manter as suas capacidades no longo prazo”.
O subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, disse aos jornalistas que nas conclusões da avaliação deverá estar “o reforço da saúde digital, uma rede estável de saúde pública, que é uma rede protetora, e garantia de recurso para essa rede poder funcionar”.
A vigilância de insetos como carraças e mosquitos, que são vetores de transmissão de doenças contagiosas, a aplicação do regulamento sanitário internacional e a vigilância de fronteiras são outras condições para a preparação, indicou.
“Este exercício pondera sobre as grandes aprendizagens [da pandemia], sobre as carências, os desafios futuros, a partilha e o debate e reflexão de ideias, e acima de tudo preparar as nossas populações”, resumiu Lacerda Sales.
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