No documento, que cobre o período após o golpe militar, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu à comunidade internacional que tome medidas imediatas para conter a espiral de violência em Myanmar.
“A escala e o escopo assustadores das violações do direito internacional sofridos pelo povo birmanês exigem uma resposta internacional firme, unificada e resoluta”, disse a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, num comunicado.
O Alto Comissariado acusou o exército birmanês de ter cometido “violações e abusos sistemáticos e generalizados dos direitos humanos” e de exibir um “flagrante desrespeito pela vida humana”.
Algumas dessas violações “podem ser equiparadas a crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, estimou a agência das Nações Unidas.
“Nós conseguimos verdadeiramente identificar a existência de um ‘modus operandi’ ao longo do último ano, mostrando que se trata de ataques sistemáticos, coordenados e planeados, e que há indícios claros de que podem ser crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, afirmou hoje Ravina Shamdasani, porta-voz da Alto Comissariado da ONU, durante a apresentação do relatório.
Mais de um ano após o golpe de 01 de fevereiro de 2021, que derrubou a líder birmanesa Aung San Suu Kyi e encerrou um parênteses democrático de 10 anos no país, Myanmar continua mergulhado no caos.
As milícias contrárias à junta governamental formada após o golpe pegaram em armas contra os militares, que reprimem os protestos com violência.
Shamdasani também destacou que antes do golpe, o Alto Comissariado já havia “falado sobre o facto de os Tatmadaw [forças armadas birmanesas] terem cometido crimes contra a humanidade” em relação ao tratamento dispensado aos Rohingyas, uma minoria muçulmana no país.
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