"Eu tenho a impressão que diante de situações de violência e insegurança em muitas partes pensa-se que a solução é a mão pesada [do Estado], como fazem os militares, mas eu discordo", disse, ao comentar posições expressas pelo Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.
Bolsonaro, que assumirá o poder em 1 de janeiro, disse que está determinado a cumprir uma das suas promessas de campanha, que é tornar o porte de armas de fogo mais flexível para os civis.
Quando questionada sobre isso numa conferência de imprensa em Genebra, Michelle Bachelet, disse não concordar com "dar armas incontrolavelmente”.
“Vimos o que aconteceu em muitos lugares, pessoas que usam armas para matar crianças nas escolas", exemplificou, considerando que as "armas são muito perigosas nas mãos de pessoas que não sabem como usá-las corretamente”.
Questionada sobre a negação que Bolsonaro faz da ditadura militar no Brasil, regime que governou o país entre 1964 e 1985, e sobre os elogios feitos pelo futuro Presidente brasileiro à ditadura de Augusto Pinochet, no Chile, Michel Bachelet disse que ninguém pode duvidar de que ambas eram ditaduras e espera que "a América Latina tenha aprendido” com isso.
"No Brasil, houve uma ditadura com vítimas de tortura. No Chile tivemos ditadura há 17 anos, Pinochet deu um golpe de Estado, muitas pessoas desapareceram, foram mortas ou presas", disse a Alta-Comissária da ONU.
O pai de Michelle Bachelet era um militar que se opôs ao golpe de Estado de Pinochet, foi torturado e morreu na prisão, enquanto ela e a sua mãe foram detidas e torturadas, mas elas sobreviveram.
A representante da ONU reconheceu que a democracia pode não ser perfeita, mas disse que é sem dúvida "a melhor maneira de as pessoas se desenvolverem e terem os direitos e oportunidades que merecem".
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