Reiterando que o presidente do Banco Privado Atlântico (BPA) e vice-presidente do Millenium BCP mentiu em tribunal e “negou evidências”, nomeadamente sobre a sua interferência na contratação para ir trabalhar para Angola, Orlando Figueira disse aos jornalistas que Carlos Silva está preocupado com a sua idoneidade.

“O único problema que ele tem é da idoneidade para ter licença bancária. Eu vou avançar com uma ação por falso depoimento contra Carlos Silva que mentiu com quantos dentes tinha e espero que o Banco de Portugal tome providências porque uma pessoa destas não é merece ter a licença”, afirmou Orlando Figueira.

O arguido contou um episódio recente em que supostamente “alguém a soldo” de Carlos Silva o tentou subornar, através da sua irmã.

“À minha irmã, uma pessoa a mando de Carlos Silva disse para alterar o meu depoimento para cima do morto [Paulo Marques] porque os mortos não falam e em contrapartida abriam uma conta no Dubai”, afirmou.

Aos jornalistas o banqueiro disse estranhar que o seu nome tenha surgido no processo dois anos após o início num “encadeamento de factos inexistentes e absurdos”.

A testemunha, que na terça-feira admitiu que possa existir "uma agenda escondida" para o seu nome estar ligado ao processo, diz que não se limitou a negar os factos e a dizer que eram absurdo porque não quer participar em “conversas baseadas numa novela perigosa”.

“Não havia nada a comentar perante os factos absurdos, não se deve participar em temas que são conversas baseadas numa novela perigosa”, disse aos jornalistas, acrescentando que não se irritou porque estava “estupefacto até onde poderia ir” a história “pouco agradável” construída por duas pessoas.

“É preciso ter um sistema nervoso de aço e é preciso aguentar a adversidade”, frisou.

O arguido Paulo Blanco diz que está a ser prejudicado pelo Ministério Público, nomeadamente por terem sido desconsiderados e-mails e a escuta telefónica entre Orlando Figueira e o advogado Proença de Carvalho e que a referida "agenda" servia “para queimar Manuel Vicente”, ex-vice-presidente de Angola.

“Eu não fiz nada criminoso, foi meramente profissional. O acordo de cavalheiros entre os personagens e os protagonistas, eu e Manuel Vicente éramos os únicos prejudicados. Era uma agenda para queimar Manuel Vicente”, interpretou.

Para Paulo Blanco, “a denuncia anónima que deu origem a este processo, todo o esquema e o acordo de cavalheiros são factos que têm uma cronologia temporal que aparentemente levam a concluir que servem uma agenda política em Angola. Veremos se não foi tudo uma cabala”, acrescentou.

A Operação Fizz assenta na acusação de que Manuel Vicente pagou 760 mil euros a Orlando Figueira, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril em 2008.

Os intermediários para esse acordo, segundo o MP, foram Armindo Pires e Paulo Blanco que, alegadamente, estiveram envolvidos na celebração de contratos falsos (promessa, trabalho e revogação) e na realização de pagamentos.