"É um enorme desgosto. Fomos obrigados a abandonar a reunião. Face à gravidade do caso, a coligação vai reunir no fim de semana a fim de tomar uma posição oficial. A Maia precisa e merece uma câmara séria e com princípios", escreveu, em mensagem enviada à agência Lusa, o líder da coligação "Um novo começo", que junta o PS e o partido Juntos pelo Povo (JPP), Francisco Vieira de Carvalho.

O líder da coligação da oposição, que conta com dois vereadores do PS, dois do JPP e um independente, não precisou mais razões para esta tomada de posição, referindo apenas: "Na política não vale tudo".

Já fonte da mesma coligação descreveu à Lusa "um ambiente hostil desde o início" da reunião extraordinária que tinha como ponto a discussão e votação do relatório de contas de 2018, referindo que a oposição solicitou "mais elementos e a presença de técnicos da câmara para explicação dos números", mas que "a maioria agiu de forma insultuosa".

A agência Lusa contactou a Câmara da Maia, no distrito do Porto, que, também numa resposta escrita, considerou que a oposição teve um "comportamento inqualificável" numa tentativa de "sabotar o normal funcionamento do órgão executivo", ao querer "discutir em simultâneo vários pontos da agenda, como mero pretexto de criar um ‘fait divers' politiqueiro".

"Ao não terem acolhimento nesta absurda e insólita pretensão, os membros da minoria abandonaram intempestivamente a reunião de câmara, que prosseguiu com a presença dos membros da maioria. Esta atitude, de enorme infantilidade e de total desrespeito pelo próprio órgão câmara ,unicipal e pelos munícipes maiatos, só pode ser entendida como fazendo parte integrante de uma estratégia, em curso, de tentativas sistemáticas de destabilização do regular funcionamento das instituições", lê-se na resposta à Lusa.

A maioria PSD/CDS-PP acusa ainda a coligação PS/JPP de usar "meios pérfidos e condenáveis" e de "tentar um verdadeiro golpe de Estado antidemocrático".

Esta situação ocorreu na semana em que foi tornado público que o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto condenou o presidente do município, António Silva Tiago, e o vereador Mário Neves a perda de mandato, decisão da qual já anunciaram que vão recorrer.

O processo foi intentado pelo JPP que criticou a assunção, pela autarquia, de uma dívida superior a 1,4 milhões de euros que o Fisco imputara aos ex-administradores da extinta empresa municipal TECMAIA.

Após ser conhecida esta decisão a Câmara da Maia anunciou, em comunicado, que vai recorrer e que o executivo se mantém em funções com a "tranquilidade institucional necessária".

Hoje, em declarações à Lusa, responsáveis partidários do PS, JPP e BE defenderam que o executivo atualmente em funções não tem condições para continuar. Já elementos da CDU e do PAN remeteram uma posição após ser conhecida a decisão de recurso.