“Eu julgo que há alguma precocidade nas intenções de avançar para demissões e eleições intercalares. Eventualmente isso até pode vir a ser um cenário, [mas] este é o momento da justiça, todos têm o direito à presunção de inocência, mesmo os nossos adversários políticos. Portanto, devemos tratar os outros como gostaríamos que nos tratassem a nós”, afirmou Miguel Silva Gouveia, em declarações aos jornalistas após a reunião semanal do executivo municipal.

“Fazer de outra forma seria estar a cair em situações de aproveitamento político que eu não compactuo”, acrescentou.

Questionado se considera que o seu partido está a “cair” nesse aproveitamento, uma vez que o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, assim como o grupo municipal dos socialistas na Assembleia Municipal do Funchal, defendem a demissão de Pedro Calado, Miguel Silva Gouveia respondeu que umas pessoas têm umas opiniões, “outras têm outras opiniões”.

“É preciso também perceber a informação que cada um tem quando veicula uma opinião para público”, salientou.

Para Miguel Silva Gouveia, que foi ex-presidente da Câmara do Funchal, o executivo tem de se “concentrar na gestão da cidade”, considerando que “a ausência de um não pode ferir o foco do todo porque a cidade continua”.

O executivo da Câmara Municipal do Funchal é composto por seis vereadores eleitos pela coligação PSD/CDS-PP e cinco da coligação Confiança, liderada pelo PS.

Na quarta-feira, a Polícia Judiciária realizou, no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (São Miguel, Açores). A residência de Miguel Albuquerque e a Quinta Vigia também foram alvo de buscas.

O presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), foi detido, assim como o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e Custódio Correia, CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil SOCICORREIA, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas,

“As diligências executadas visaram a recolha de elementos probatórios complementares, a fim de consolidar as investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência”, lê-se numa nota divulgada pela PJ.