“Vendem-se lá fora como tendo virado a página da austeridade, mas os cidadãos vivem a realidade caótica de um Governo campeão das cativações que quer bater o pé à Europa e, quando está à frente do Eurogrupo, manda recados à política orçamental portuguesa”, acusou a deputada no debate preparatório do Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, que se seguiu ao debate quinzenal na Assembleia da República, em Lisboa.
Rubina Berardo prosseguiu criticando “a pompa e circunstância” com que Mário Centeno anunciou o acordo do Eurogrupo para a reforma do euro, o qual considerou que deixa em aberto aspetos muito importantes para Portugal: “Temos Centeno versus Centeno, à melhor maneira portuguesa, uma espécie de Olívia patroa e Olívia costureira”, disse a deputada, referindo-se à rábula protagonizada por Ivone Silva.
A comparação foi retomada pelo deputado Pedro Mota Soares, do CDS-PP, também ao referir-se às conclusões do Eurogrupo da semana passada.
“Mais uma vez vamos ter de dizer que o Conselho Europeu não perde uma oportunidade para perder uma oportunidade, neste caso, a oportunidade de uma reforma da zona euro de que tanto precisamos para dar liquidez à economia portuguesa”, disse o centrista.
“Mas, pior que isso: voltamos a ter aquela figura da televisão portuguesa ‘Olívia patroa e Olívia costureira”, prosseguiu, criticando Centeno que, “em Bruxelas diz ‘porreiro pá’ e em Portugal diz que afinal é insuficiente”.
Mário Centeno recebeu ainda críticas do BE com a deputada Isabel Pires a recorrer à imagem de um “Dr. Jekill & Mr. Hide" que, enquanto ministro das Finanças de Portugal diz que “tudo vai bem” na economia, mas, enquanto presidente do Eurogrupo, “pede medidas adicionais”.
“Estava escrito nas estrelas que esta dupla função ia dar mau resultado”, disse a deputada bloquista.
António Costa respondeu às críticas afirmando que não há contradição nenhuma porque o cumprimento do Orçamento pelo Governo justifica o discurso do ministro.
“As estimativas oficiais da Comissão Europeia divergem sistematicamente das portuguesas e a vantagem que temos é que em 2016 e 2017 ganhámos, em 2018 ganhámos e 2019 vamos ganhar outra vez. Temos demonstrado com os resultados que temos razão. Não precisamos de medidas adicionais porque simplesmente vamos cumprir o orçamento”, afirmou.
António Costa desvalorizou, por outro lado, as críticas afirmando compreender “que a direita fique muito descontente de ver finalmente um ministro português respeitado internacionalmente e, por isso, a poder presidir ao Eurogrupo”.
No debate de hoje, António Costa foi também questionado sobre o ‘Brexit’, que vai estar na mesa do Conselho Europeu dias depois de, na segunda-feira, a primeira-ministra britânica, Theresa May, ter adiado a votação do acordo alcançado com a União Europeia no Parlamento britânico.
O primeiro-ministro referiu-se ao assunto logo na intervenção inicial para afirmar, na linha do que tem sido dito pelos responsáveis europeus, que não há qualquer margem para renegociar o acordo alcançado: “O acordo alcançado é o acordo alcançado, nada justifica reabertura do processo negocial”, disse.
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