"A Mesa da Unidade Democrática (MUD) tomou a decisão unânime de convocar o povo da Venezuela a formar o maior movimento de pressão popular que já existiu para ativar todos os mecanismos de mudança", afirmou o secretário executivo da coligação opositora, Jesús Torrealba, falando à imprensa. Torrealba disse ainda que o parlamento, de maioria opositora pela primeira vez em 17 anos de hegemonia chavista, quer levar a cabo uma emenda constitucional que seja votada pelos venezuelanos "para reduzir o mandato presidencial e conseguir eleições este ano". Ao mesmo tempo, acrescentou querer "iniciar o processo de referendo revogatório", que pode ser ativado assim que Maduro, eleito em abril de 2013 para um período de seis anos, cumpra metade do seu mandato - ou seja, dentro de um mês.

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A oposição convocou, a partir de sábado, "uma ampla mobilização popular e pacífica" para conseguir a renúncia de Maduro e apoiar as vias legais que paralelamente antecipem o parlamento. "O que fez a Unidade? Em vez de nos dividirmos pelos diferentes mecanismos, unimo-nos pela estratégia de luta", afirmou Torrealba, ao explicar a decisão da MUD.

No entanto, analistas constitucionalistas advertiram que esses mecanismos terão de passar pelo filtro do Supremo Tribunal de Justiça, acusado pela oposição de ser subordinado ao governo e que há uma semana reduziu drasticamente os poderes do órgão legislativo parlamentar. "O governo trancou o jogo e aprofundou o desastre económico (...) Já não aguentamos, somos vítimas da pior crise da história do país, nada funciona. Por isso, a Venezuela assumiu o caminho da mudança", disse ainda Torrealba, declarando-se convicto de que com esta estratégia múltipla conseguirão progredir no seu objetivo.