Uma empresa está a recrutar médicos de Portugal, Espanha e Itália para trabalharem na Arábia Saudita, procurando profissionais com cinco a 10 anos de experiência para 24 especialidades diferentes.
Segundo o anúncio publicado na Internet e já enviado diretamente a alguns médicos portugueses pela plataforma Linkedin, um grupo de saúde na Arábia Saudita está à procura especialistas em emergência médica, cirurgia plástica, dermatologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, pneumologia, entre outras especialidades.
Hoje, o Jornal de Notícias anuncia que o Governo galego está a tentar contratar médicos de família e pediatras portugueses, oferendo uma duplicação do salário. Também na bolsa de emprego da Ordem dos Médicos há anúncios a procurar médicos para países como a Irlanda, a Inglaterra ou a França.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, estes pedidos para “contratar médicos, seja por parte da Galiza, da Arábia Saudita ou de outros países” são uma “boa notícia”.
“É sinal que os médicos portugueses são bons médicos, têm uma excelente formação” e são respeitados a nível internacional”, disse Miguel Guimarães à Lusa.
“A má notícia é que o Ministério da Saúde e o Governo assistem a isto e não se conseguem adaptar àquilo que é a realidade atual que é termos um país de portas abertas para a Europa e para o resto do mundo e não estamos a ter capacidade concorrencial com estes países”, nomeadamente aplicando “as regras que já existem e eventualmente melhorar os incentivos”, sublinhou.
Apesar de reconhecer que as remunerações de países como da Arábia Saudita ou até mesmo de países da Europa ocidental serem “difíceis de concorrer por parte do Governo português”, o bastonário afirmou que “há uma coisa que não é difícil que é aplicar na prática a carreira médica que não está a ser aplicada” e os concursos não demorarem demasiado tempo.
No seu entender, se os concursos funcionassem bem seria uma “motivação forte” para os médicos ficarem no SNS, assim como seria importante haver “uma política de incentivos adequada”, nomeadamente para as regiões mais periféricas e desfavorecidas onde faltam médicos em várias especialidades.
“Nada está a ser feito para que possamos fixar os jovens valores no nosso país e sobretudo no SNS, onde fazem muita falta e podem dar uma capacidade de resposta aos SNS mais adequadas às necessidades dos doentes e da população”, sustentou.
O bastonário dos médicos lamentou que o Governo “não tome a dianteira”, criando as condições de trabalho adequadas para que os médicos fiquem a trabalhar em Portugal.
Por outro lado, “o respeito que a tutela demonstra relativamente aos médicos que fazem todos os dias o Serviço Nacional de Saúde leva a que muitos jovens vão trabalhar para outros países ou fiquem apenas a trabalhar no setor privado”.
Para Miguel Guimarães, “é tempo de o Governo e dos deputados na Assembleia da República fazerem alguma coisa, mudarem as condições de trabalho”, porque esta situação atinge todos os profissionais de saúde que “fazem falta ao país ao Serviço Nacional de Saúde e que veem goradas as suas expectativas de ficarem” a trabalhar no seu país.
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