“É uma situação extraordinariamente preocupante e tem a ver com o facto de as pessoas estarem insatisfeitas e desmotivadas”, disse à agência Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães reagia à notícia avançada pela Lusa, dando conta que as faltas ao trabalho no SNS por motivo de greve voltaram a disparar em 2018, para mais de 180 mil dias de trabalho perdidos, depois de já em 2017 as ausências por motivo de greve terem subido mais de 70%.

As greves totalizaram o equivalente a 181.238 dias de trabalho no setor público da saúde no ano passado, pelo menos mais 60 mil dias do que o verificado no ano anterior, segundo dados do portal do SNS analisados pela Lusa e confirmados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

O bastonário da Ordem dos Médicos enumerou as carreiras, remunerações e pressão no trabalho como alguns dos motivos que fazem com que os profissionais de saúde se sintam desmotivados.

“As pessoas neste momento não estão com grande motivação, há várias formas de motivar as pessoas. Uma das principais tem a ver com a carreira e com o acesso aos dispositivos e equipamentos necessários para se poder tratar os doentes de acordo com as boas práticas. Se não há nada disso e, ainda por cima, têm uma remuneração que é medíocre, acaba por existir alguma desmotivação”, sustentou.

Miguel Guimarães afirmou também que, neste momento, são muitos os protestos no setor da saúde.

“Toda a gente está neste momento numa fase de protesto. Há uma série de pessoas em cargo de direção, que são nomeados pela tutela, que estão a apresentar a demissão em vários hospitais do país”, disse, acrescentando que “o desinvestimento no SNS está a ser negativo” para os profissionais de saúde.

O bastonário frisou que “as pessoas que cuidam dos doentes” e que “fazem o SNS todos os dias não estão neste momento satisfeitos”, devendo este ponto ser motivo “de grande reflexão” por parte do “Ministério da Saúde e de todos nós”.

Ressalvando que ainda não leu os dados hoje conhecidos, Miguel Guimarães referiu que os médicos tradicionalmente são quem têm a taxa de absentismos mais baixa, entre todos os profissionais de saúde.

As ausências ao trabalho por todos os motivos, que não apenas as greves, subiram também em 2018, passando para o equivalente a mais de quatro milhões de dias perdidos.

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