O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Greenpeace e a Associação do Povo Indígena Karipuna (Apoika) divulgaram um comunicado denunciando invasões nas terras Karipuna.

Os indígenas relataram a membros das organizações que ouviram ruídos de máquinas e motosserras próximos à aldeia de Panorama, onde estão voluntariamente isolados para evitar contaminação pelo novo coronavírus.

“Nos últimos anos foram feitas diversas denúncias – tanto no Brasil como em organismos internacionais – sobre as severas ofensivas dos invasores na TI Karipuna, inclusive com o aumento do desmatamento e até mesmo a venda de lotes no interior da terra”, disse o comunicado.

“Este recente avanço de grileiros [pessoas que tomam posse ilegalmente de terras públicas] e madeireiros sobre o território, em meio à pandemia da Covid-19, é mais um indicativo de que as ações de monitoramento e fiscalização do território realizadas ao longo de 2019, mais do que nunca, precisam ser retomadas, sob pena de testemunharmos um recrudescimento do desflorestamento e da degradação na TI Karipuna”, acrescentou.

Segundo as organizações que subscreveram a denúncia, os Karipuna são especialmente vulneráveis porque na década de 1970 quase foram exterminados por doenças contagiosas transmitidas por não indígenas, quando apenas oito pessoas deste povo tradicional do Brasil sobreviveram.

Atualmente a aldeia conta com uma população de 58 pessoas.

Dentro deste contexto, o Cimi, a Greenpeace e a Apoika solicitaram “a retirada imediata dos invasores do interior da TI Karipuna, com a respetiva identificação e prisão dos mesmos e a apreensão de bens e prisão das pessoas responsáveis pela organização e dos beneficiários do processo de invasão”.

Além da invasão de terras indígenas no estado de Rondónia, áreas pertencentes aos indígenas Yanomami, entre os estados de Roraima e Rondónia, também estariam sendo alvo de invasões segundo informações do portal de notícias Amazónia Real.

O portal relatou que houve a confirmação de um caso do novo coronavírus num indígena Yanomami, de 15 anos, possivelmente contaminado por invasores, aumentando oficialmente para cinco o número de indígenas da Amazónia brasileira infetados pela doença.

Ao todo, o Brasil tem 667 vítimas mortais e 13.717 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.