A ideia era dedicar o podcast ao Dia Internacional da Mulher, falar da paridade de género, representação e poder. A conversa passou rapidamente para o campo da investigação, da ciência e da tecnologia. E da educação - e de como pode ser uma arma para tornar o mundo melhor.
É o que dá reunir no mesmo painel a CEO do grupo Luz Saúde, Isabel Vaz, a neurocientista e investigadora do Instituto de Medicina Molecular, Luísa Lopes, e a deputada europeia e ex-ministra da Presidência e da Modernização Administrativa Maria Manuel Leitão Marques.
Ficámos a saber, entre muitas outras coisas, que nos hospitais quem "manda" são as mulheres e que Isabel Vaz está mais preocupada com a diversidade geracional do que com a diversidade de género, porque as gerações mais velhas prolongam-se nas empresas, "cortando muitas vezes a capacidade de os mais novos poderem atingir lugares de liderança", o que torna mais difícil "quebrar dogmas" e "inovar".
Por outro lado, recorda, "os cientistas têm de perceber que não vale a pena fazer uma investigação extraordinária se metade da humanidade não tiver acesso a ela". E, neste aspeto, compete ao legislador e aos decisores adotar políticas públicas que permitam ao Estado cumprir o seu papel social.
Luísa Lopes também está preocupada com o financiamento da investigação - e com a possibilidade do desvio de verbas da ciência para o militar - uma vez que "a investigação fundamental é aquela que não dá lucro".
Ao mesmo tempo que desfaz alguns mitos, a investigadora explica aquilo que é cultural (e educacional). Por exemplo, as mulheres são tendencialmente menos ambiciosas do que os homens, o que as leva a arriscar menos, por um lado, ou a pedir menos dinheiro para exercer o mesmo cargo, por outro.
Do seu lado, e porque a diferença média de salários entre homens e mulheres na União Europeia ainda é superior a 13%, Maria Manuel Leitão Marques avança que o Parlamento Europeu está a discutir uma diretiva para a transparência salarial, de maneira a perceber onde está essa diferença.
Mas a deputada fala noutra preocupação, a da violência doméstica (e no namoro), uma batalha que Portugal não está a conseguir travar - e que em 2020 fez 32 vítimas mortais. Com que vacina vamos curar isto?
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