Numa mensagem hoje enviada aos paroquianos das igrejas de São Nicolau e da Madalena, em Lisboa, o padre Mário Rui Pedras informa que o seu nome consta na lista de alegados abusadores, mas que está inocente.

"Foi-me dito que o meu nome constará da lista de pessoas, vulgo abusadores, que a Comissão Independente entregou na Diocese de Lisboa", começa o texto, citado pela Renascença, a que o SAPO24 também teve acesso.

De acordo com uma investigação do semanário Expresso sobre o passado de André Ventura, Mário Rui Pedras é o confessor e diretor espiritual do deputado e presidente do Chega. Ventura tem à secretária uma fotografia sua com o pároco, conhecido pelas suas posições conservadoras.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

"Nessa denúncia alguém refere ter sido vítima de abusos por mim perpetrados, os quais teriam ocorrido na década de 90, quando frequentava o 8º ano, num colégio da periferia de Lisboa”, diz, acrescentando que “essas imputações são totalmente falsas”.

Mário Rui Pedras diz que ao longo da sua vida sacerdotal não praticou “o que quer que fosse de censurável, seja pelo prisma da lei canónica, pelo prisma da lei civil ou da ética comportamental”.

Lamenta ainda que a denúncia não contenha informações como a identidade da "inventada vítima", o local onde os "falsos abusos" ocorreram e o nome de "potenciais testemunhas".

“Nada", continua. "Uma denúncia anónima, falsa, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação”, escreve o sacerdote. Admite que “a calúnia” o deixa “numa situação delicada”, mas que lutará para repor a verdade, incluindo pela via judicial.

Garante que não fez nada "de errado, de desrespeitador ou de criminoso". Ainda assim, colocou-se "à disposição do Patriarca de Lisboa", pois é o primeiro a reclamar que "diligências tenham lugar e que se iniciem com a máxima brevidade".

"Quem não deve não teme. E eu não temo", escreve Mário Rui Pedras. “Vejo a minha honra e a minha reputação serem afetadas por um golpe cobarde, cuja existência não consigo entender nem explicar. Procurarei fazer tudo o que estiver ao meu alcance para desmascarar quem me difamou, restaurando a minha honra, agora visada, livrando-a de qualquer mácula ou suspeita”.

Acrescenta ainda que se sacrifica "na esperança de poder estar a contribuir para o bem maior da Igreja", sem compreender, no entanto, "como pode ser possível que, com base numa denúncia anónima e falsa, formulada por engano, mão criminosa ou mente perversa, tenha sido ferido desta forma".

Conclui referindo que, padre há 41 anos, percorrerá "este caminho de pedras com profunda confiança em Deus, em amor à Igreja e em obediência" ao Patriarca.

A mensagem de Mário Rui Pedras foi publicada um dia depois do anúncio do Patriarcado de Lisboa de que tinha afastado preventivamente quatro sacerdotes no ativo suspeitos de abusos sexuais.

Segundo o Patriarcado de Lisboa, "não existe uma acusação formal a nenhum destes sacerdotes que, contudo, ficam assim afastados do exercício público do seu ministério, enquanto decorrem todas as diligências dos seus processos".

(Notícia atualizada às 10:10)