“Para o PAN, os episódios que ontem vieram a público de uma alegada concertação entre PS e PSD do ponto de vista do resultado eleitoral, bem como também algumas da ofensas que ouvimos ser proferidas nas escutas que foram divulgadas, sem prejuízo e da ressalva que fazemos em relação à presunção de inocência, há de facto afirmações que nos parecem não só graves como também é mais uma machadada no estado de direito democrático, mais uma machadada na confiança no poder político”, sustentou a deputada do PAN, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Uma reportagem emitida na terça-feira à noite pela TVI/CNN Portugal revelou que, no âmbito da Operação Tutti Frutti, foram intercetadas escutas e comunicações que apontam para um alegado “pacto secreto” entre PSD e PS para cada partido manter a liderança de determinadas juntas de freguesias de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017.

Inês Sousa Real considerou que as suspeitas noticiadas constituem também “um enfraquecimento das instituições e no respeito que deve existir no exercício de cargos públicos”.

A deputada única do PAN defendeu que “as soluções do bloco central não têm dado resposta ao país”, apelando a um “debate estrutural para as reformas que o país precisa” em áreas como a habitação, transportes públicos ou na crise climática, “mas também no robustecimento das instituições e na sua independência”.

Sousa Real referiu ainda que a investigação em causa “arrasta-se desde 2017”, o que, na sua opinião, “vem demonstrar a falta de meios estruturais que existe no país para a investigação em matéria criminal” sobretudo quando estão em causa “casos relacionados com a política”, fazendo referência à ‘Operação Marquês’.

A TVI/CNN referiu ter tido “acesso a centenas de escutas telefónicas e trocas de emails” e também a “conclusões do Ministério Público” no âmbito da Operação Tutti Frutti, e divulgou algumas, que se centram em comunicações do ex-deputado do PSD Sérgio Azevedo com outros sociais-democratas.

De acordou com a TVI/CNN, do lado dos socialistas, estão envolvidos neste processo Fernando Medina, atual ministro das Finanças, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa e recandidato ao cargo, e Duarte Cordeiro, atual ministro do Ambiente. Ambos declararam que são falsas as suspeitas que lhes são imputadas nesta reportagem.

Além do alegado “pacto secreto”, segundo a TVI/CNN Fernando Medina é apontado como suspeito de ter permitido uma isenção de IMI a pedido do então presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e de ter contratado um assessor pago pela Câmara Municipal de Lisboa para o ajudar em comentários feitos a título pessoal.