A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
Para a vaticanista Aura Miguel, o acompanhamento destes grandes encontros do Papa com os jovens começou em 1989, em Santiago de Compostela. E todas essas experiências resultam agora no livro "Um Longo Caminho até Lisboa", "pleno de detalhes e histórias curiosas de cada Jornada".
"Esta obra incontornável inclui as evoluções e os grandes debates da Igreja Católica das últimas décadas, para além de dar a conhecer um pouco da personalidade e do essencial do pensamento de cada Papa e da forma como a juventude tem acorrido em massa a estes grandes eventos da religião católica", é explicado na apresentação do livro.
No prefácio, escrito pelo Papa Francisco, é referido que "as JMJ foram e continuam a ser momentos fortes para a experiência de tantos adolescentes, de tantos jovens".
"A inspiração inicial que moveu o nosso amado Papa Wojtyla não perdeu a força. Aliás, a mudança de época que, mais ou menos conscientemente, estamos a viver representa um desafio também e sobretudo para as jovens gerações", refere o pontífice.
Para o Papa Francisco, "os chamados 'nativos digitais', os jovens do nosso tempo, correm diariamente o risco de se autoisolarem, de viverem grande parte da sua existência no ambiente virtual, acabando por ficar reféns de um mercado agressivo que induz falsas necessidades. Com a pandemia da Covid-19 e a experiência do confinamento, estes riscos aumentaram ulteriormente. O sair de casa, partir com os companheiros de viagem, viver experiências fortes de escuta e de oração unidas a momentos de festa, e fazê-lo juntos, torna estes momentos preciosos para a vida de cada um".
Assim, recorda que tem vindo a pedir aos jovens para serem ativos. "Por várias vezes, convidei os jovens a não balconear, ou seja, a não ficar na varanda a ver a vida passar, como observadores que não interferem, que não sujam as mãos, que interpõem o ecrã de um telemóvel ou de um computador entre eles e o resto do mundo".
"Várias vezes lhes disse para não serem 'jovens de sofá', para não se deixarem anestesiar por quem tem todo o interesse em tê-los atordoados e tontos. A juventude é sonho, é abertura à realidade, é descoberta do que verdadeiramente vale na vida, é luta para o conquistar, é abrir-se a relações intensas e verdadeiras, é compromisso com os outros e pelos outros", nota ainda.
Por isso, para o Papa "as Jornadas Mundiais da Juventude foram um antídoto contra o balconear, contra a anestesia que leva a preferir o sofá, contra o desinteresse. Envolveram, movimentaram, implicaram, desafiaram gerações de mulheres e de homens".
"Claro, não basta fazer uma experiência 'forte' se depois esta não é cultivada, se não encontra um terreno fértil para ser sustentada e acompanhada. As JMJ são um acontecimento de graça que desperta, alarga o horizonte, potencia as aspirações do coração, ajuda a sonhar, a ver mais além. São uma semente plantada que pode trazer bons frutos. Assim, precisamos hoje de jovens despertos, desejosos de responder ao sonho de Deus, que se interessem pelos outros. Jovens que descubram a alegria e a beleza de uma vida gasta por Cristo no serviço aos outros, aos mais pobres, aos que sofrem", remata.
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