Na sua mensagem para o 54.º Dia Mundial da Paz 2021 (01 de janeiro) com o título "A cultura do cuidado como percurso para a paz”, hoje divulgada, o Papa lembra que a pandemia agravou outras crises, como a climática, a alimentar, a económica e a da migração.

“O ano de 2020 ficou marcado pela grande crise sanitária da covid-19, que se transformou num fenómeno plurissectorial e global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incómodos”, escreve o Papa na mensagem.

Na sua mensagem recorda os que perderam familiares ou pessoas queridas, os que ficaram sem trabalho e todos os que trabalharam na linha da frente.

"Penso, em primeiro lugar, naqueles que perderam um familiar ou uma pessoa querida, mas também em quem ficou sem trabalho. Lembro de modo especial os médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores, voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde, que se prodigalizaram – e continuam a fazê-lo – com grande fadiga e sacrifício, a ponto de alguns deles morrerem quando procuravam estar perto dos doentes a fim de aliviar os seus sofrimentos ou salvar-lhes a vida", refere na sua mensagem.

O Papa também reitera o seu apelo "aos políticos e ao setor privado para que adotem as medidas apropriadas a fim de garantir o acesso às vacinas contra o covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para prestar assistência aos doentes e aos mais pobres e frágeis ".

Algumas organizações não governamentais assinaram recentemente um documento avisando que "09 em cada 10 pessoas em países pobres não terão acesso à vacina covid-19 no próximo ano."

O texto adverte também para o ressurgimento de várias formas de “nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos”, que “semeiam morte e destruição”.

“É doloroso constatar que, infelizmente, junto com numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia e mesmo guerras e conflitos que semeiam morte e destruição estão a ganhar novo impulso”, salienta.

Francisco propõe nesta mensagem “a cultura do cuidado como forma de paz” e “erradicar a cultura da indiferença, da rejeição e do confronto, que hoje costuma prevalecer”.

“Encorajo todos a se tornarem profetas e testemunhas da cultura do cuidado, para preencher tantas desigualdades sociais”, afirma.

E destaca: "isso só será possível com o papel generalizado da mulher, na família e em todas as esferas sociais, políticas e institucionais".

O Papa lamenta que “em muitas regiões e comunidades já não se lembrem de uma época em que viviam em paz e segurança” e denuncia o “desperdício de recursos com armas, em particular com armas nucleares” considerando que os recursos deveriam ser utilizados para prioridades mais importantes para garantir a segurança das pessoas, como a promoção da paz e do desenvolvimento humano integral, a luta contra a pobreza e a satisfação das necessidades de saúde.

"Que decisão corajosa seria criar um fundo global com o dinheiro usado em armas e outras despesas militares para poder derrotar definitivamente a fome e ajudar o desenvolvimento dos países mais pobres!", defende.

Francisco destaca ainda que a educação solidária deve partir da família, “onde se aprende a conviver na relação e no respeito mútuo”, mas lembra também que é missão da escola e da universidade e, da mesma forma, em alguns aspetos, da comunicação social ".

Por outro lado, considera que “as religiões em geral, e os líderes religiosos em particular, podem desempenhar um papel insubstituível na transmissão aos fiéis e à sociedade dos valores da solidariedade, do respeito pelas diferenças” e do cuidado com os mais frágeis.

Francisco pede a todos que "alcancem o objetivo de uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e compreensão mútua".

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

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