“Isto é um não assunto, para já”, afirmou António Silva Tiago, em declarações no final da reunião de hoje do executivo municipal, que aprovou com os votos contra do PS, a venda, em hasta pública, por 3,36 milhões de euros dos terrenos pretendidos pelos dragões para a construção da sua nova academia.

De acordo com o Jornal Record, o parecer negativo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), conhecido no início de março, questiona a viabilidade do projeto, que abrange uma área significativa adquirida pelo clube.

Este documento, que foi anexado à unidade de execução, já aprovada pela Câmara da Maia, sustenta que “a construção dos campos de jogos implica a destruição de uma área de dispersão de materiais pré-históricos de superfície (…) já assinalada nos levantamentos patrimoniais apresentados no âmbito do processo em curso de revisão do PDM (Plano Diretor Municipal)” e que evidencia um uso continuado do espaço desde o Neolítico até, pelo menos, a Idade do Bronze.

Esta posição coloca em dúvida a compatibilidade do empreendimento com a preservação patrimonial, destacando a necessidade de uma nova avaliação e possíveis consultas a outras entidades externas, quando o projeto for submetido para licenciamento pela Câmara Municipal.

Confrontado com estas conclusões, o autarca da Maia explicou que o parecer da CCDRN é apenas necessário aquando da apresentação do projeto e não, como sucedeu, com o estudo da unidade de execução.

Apesar de admitir que as conclusões vertidas no documento possam ser refletidas aquando da análise do mesmo, Silva Tiago considera que tal não colocará o projeto para o local em “banho-maria”, uma vez que a obrigação legal é a de que estes vestígios arqueológicos sejam estudados.

Colocando-se à margem da corrida eleitoral no FC Porto, cujas eleições estão marcadas para 27 de abril, o autarca da Coligação PSD/CDS admitiu, contudo, que não há um plano B para aqueles terrenos, afirmando que o projeto do Parque Metropolitano da Maia, onde se insere a nova academia dos azuis e brancos, vive sem aquele complexo desportivo.

Numa área de mais de 350 hectares, o projeto do Parque Metropolitano da Maia prevê uma área para instalação de um ‘campus’ tecnológico, residência sénior e, entre outras valências, duas zonas desportivas que podem vir a acolher os centros de estágio do FC Porto e do Boavista.

“Não há plano B. O projeto vive sem nenhuma academia, seja do Porto seja do Boavista, seja de quem for. Não há plano A, nem plano B”, repetiu, acrescentando que autarquia “não pediu nada”, nem “vai fazer nada para ninguém”.

Neste caso concreto, sublinhou, para fazer algo naquele local, tem de começar por comprar os terrenos que são propriedade do município.

Em 31 de julho, a autarquia maiata aprovou por unanimidade em reunião extraordinária o programa estratégico para o futuro Parque Metropolitano da cidade, que vai dispersar um ‘campus’ tecnológico, residência sénior e zonas desportivas, entre outras valências, por mais de 376 hectares, dos quais 70 são propriedade daquela edilidade limítrofe do Porto, estando localizadas entre as freguesias de Nogueira e Silva Escura e de São Pedro Fins.

O projeto da Academia na Maia inclui um estádio com capacidade para 2.500 espetadores, nove campos relvados (quatro dos quais com bancadas de 400 lugares cada), além de um campo de futebol de sete, entre outras infraestruturas destinadas a reforçar a formação e prática desportiva no clube.

Já o edifício principal vai ser composto por uma zona técnica desportiva e a denominada Casa do Dragão, espaço residencial reservado a atletas acolhidos pelo FC Porto, onde existirão quase 70 quartos duplos, áreas de estudo e lazer ou uma zona de restauração.

Questionado sobre o projeto do Boavista, Silva Tiago indicou que o clube está a desenvolver “a suas ações” e deixou a garantia que não será a autarquia a negociar com os privados os 10 hectares de terreno necessários para o projeto do clube.