“As declarações que podem ser lidas ‘aqui ou ali’ sobre o facto de esses mísseis estarem em ‘mãos líbias’ são falsas. Não foi esse o caso”, afirmou a ministra das Forças Armadas, Florence Parly, à rádio France Info, numa altura em que o Governo de União Nacional da Líbia, reconhecido pela ONU, pede explicações “urgentes” a Paris.

A ministra não explicou porque é falso afirmar que as armas se encontravam em “mãos líbias” apesar de todas as partes garantirem que os mísseis foram encontrados numa base do marechal Haftar, a cem quilómetros de Tripoli.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de União Nacional da Líbia, Mohamad Tahar Siala, pediu na quarta-feira ao chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, para “explicar com urgência porque é que as armas francesas descobertas em Gharyan estavam na posse das forças de Haftar”.

“Quando e como é que as armas foram fornecidas?”, questionou o ministro líbio numa carta dirigida a Le Drian.

“Os mísseis não foram transferidos a quem quer que seja, eles tinham apenas uma finalidade: a proteção de franceses que fazem a recolha de informações no quadro da luta contra o terrorismo”, disse hoje a ministra francesa, sublinhando que na Líbia “se verificam numerosos ataques do grupo Estado Islâmico”.

“Esses mísseis foram colocados ‘fora de ação’ e estavam armazenados para serem destruídos”, mas, disse a ministra das Forças Armadas, “por motivos relacionados com os acontecimentos na Líbia não foram destruídos a tempo”.

Na edição de terça-feira, o jornal New York Times atribuiu à França a propriedade dos quatro mísseis anti-carro de fabrico norte-americano.

De acordo com a notícia, as armas foram descobertas pelas forças leais ao Governo de Unidade Nacional em Gharyan, a uma centena de quilómetros de Tripoli, num local que se encontrava sob o controlo do marechal Haftar que lançou uma ofensiva contra a capital do país no passado dia 04 de abril.

Na carta enviada para Paris, o ministro dos Negócios Estrangeiros líbio diz que quer “também ficar a conhecer a quantidade de armamento fornecido pela França ao marechal Haftar” e que a existência de armas francesas (na Líbia) contradiz as declarações do governo de Paris que manifestou apoio ao Governo de Unidade Nacional.

A França reconhece que trocou informações com o marechal Haftar no Leste e no Sul da Líbia, mas negou apoio militar destinado à ofensiva contra Tripoli.

Em 2016, três militares franceses morreram durante uma missão de recolha de informações no Leste do país.

Apesar do embargo imposto pelas Nações Unidas, o fornecimento de armas continua a chegar às duas partes em conflito fazendo com que se esteja a agravar uma guerra por procuração entre as potências da região.