A medida é tida como parte de uma aproximação para normalizar as relações após os fundamentalistas terem tomado o poder no Afeganistão em agosto de 2021, após a fuga do então presidente Ashraf Ghani.
A Duma aprovou a proposta em segunda e terceira leituras, sublinhando-se no texto que se cria um mecanismo para levantar a proibição de grupos na lista de terrorismo, que dependerá de uma decisão judicial na sequência de uma recomendação do Gabinete do Procurador-Geral.
Para tal, é necessário que o grupo “tenha deixado de realizar atividades destinadas a promover, justificar e apoiar o terrorismo”, o que abriria a porta à retirada da lista de organizações declaradas por Moscovo como organizações terroristas, segundo a agência noticiosa russa Interfax.
A câmara baixa do parlamento russo já tinha aprovado a lei numa primeira leitura no passado dia 10 de dezembro.
Nos últimos anos, o Presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu em várias ocasiões que os talibãs poderiam ser retirados da lista de organizações terroristas, tendo mesmo descrito os fundamentalistas como “aliados” na luta contra o terrorismo, mas no passado chegou a condicionar essa retirada à aprovação da ONU.
Em maio, o enviado da Rússia para o Afeganistão, Zamir Kabulov, confirmou que vários ministérios tinham recomendado ao Kremlin (presidência russa) que o grupo fosse retirado da lista de organizações terroristas.
As autoridades instaladas pelos talibãs após o regresso ao poder não conseguiram obter o reconhecimento de nenhum país da comunidade internacional, em grande parte devido às crescentes restrições aos direitos fundamentais da população, especialmente das mulheres, embora vários Estados tenham reforçado os seus laços económicos com Cabul.
Em outubro passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, também se reuniu com o chefe da diplomacia do governo provisório dos talibãs, Amir Khan Muttaqi.
Lavrov e Muttaqi manifestaram então a vontade dos dois países de estabelecer “relações políticas de confiança” que conduziriam a uma maior cooperação comercial bilateral.
A Rússia baniu e suspendeu contactos com os talibãs em 2003, embora tenha recebido representantes dos extremistas em várias ocasiões antes de estes terem tomado o poder em Cabul.
Desde então, os talibãs deslocaram-se várias vezes a Moscovo para participar em conferências sobre a resolução do conflito afegão, e o Kremlin convidou-os a participar no Fórum Económico de São Petersburgo e na cimeira do grupo de economias emergentes BRICS deste ano.
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