O Conselho dos Estados, a câmara alta do Parlamento suíço, apresentou hoje esta proposta, depois de uma moção semelhante ter sido apresentada no mês passado no Conselho Nacional, a câmara baixa.

A reexportação de armas pela Suíça, que não é permitida neste país sob a sua tradicional neutralidade, tem sido objeto de amplo debate no país.

A câmara alta do Parlamento propõe que o fim da proibição entre em vigor dentro de cinco anos e apenas “em circunstâncias excecionais”, noticiou a agência Efe.

Em 10 de fevereiro, o Governo suíço confirmou a rejeição do pedido espanhol para a transferência de dois canhões antiaéreos de fabrico suíço para a Ucrânia.

A Suíça já tinha negado pedidos semelhantes de reexportação à Dinamarca e Alemanha, que no ano passado pediram a transferência de armas suíças para a Ucrânia para ajudá-la na resposta à invasão russa.

Em concreto, a Suíça rejeitou dois pedidos alemães para reexportar munição suíça para a Ucrânia para tanques de batalha Leopard e um pedido dinamarquês para fornecer cerca de 20 tanques de batalha Piranha III.

A Lei Suíça de Material de Guerra proíbe o comércio de armas produzidas no país para países envolvidos num conflito armado internacional, sendo que toda aquisição inclui uma cláusula que obriga o país comprador a solicitar permissão à Suíça em caso de tentativa de reexportar.

Apesar da sua tradicional política de neutralidade, a Suíça está alinhada com as sanções económicas e financeiras da União Europeia contra a Rússia, razão pela qual faz parte da lista de países considerados “hostis” por Moscovo, desde o início da guerra.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.199 civis mortos e 11.756 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.